Sexta, 14 De Fevereiro De 2025
       
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Motoqueiros atiram contra moradores de rua no Centro


Publicado em 15 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia


No final da tarde de ontem, outros moradores de rua já ocupavam a calçada onde aconteceu o crime

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

A Polícia Civil investiga o ataque cometido no final da noite de anteontem contra cinco moradores de rua que dormiam embaixo da marquise de três agências bancárias da Travessa José de Faro, no Centro de Aracaju. Por volta das 22h, dois homens montados em uma moto preta e com roupas escuras fizeram vários disparos de pistola contra as vítimas e fugiram em seguida pela Rua Pacatuba. Dois deles foram atingidos e socorridos ao Hospital de Urgência de Sergipe. O estado mais grave é o andarilho identificado como Ednaldo Félix, que levou um tiro no tórax e ainda corre risco de morte. O outro paciente, conhecido como "Neguinho Capixaba", saiu ferido no pé e foi liberado ao início da manhã.

Os suspeitos ainda não foram identificados. A única informação é de que eles são altos, fortes e vestiam roupas escuras, sendo um de cor morena e outro de cor branca. Durante toda a madrugada, soldados da Polícia Militar fizeram buscas na região central da cidade, com base em imagens gravadas por câmeras de monitoramento do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp). Cápsulas de pistola também foram recolhidas no local do crime. O caso é apurado em sigilo em um inquérito aberto pela 2ª Delegacia Metropolitana (2ª DM), cujo delegado titular, João Martins Cunha, preferiu não dar detalhes das investigações.

A rua onde aconteceu o crime fica em frente à Praça Olímpio Campos e junto a repartições como a Câmara Municipal de Aracaju, o Tribunal de Justiça de Sergipe e a Procuradoria Geral do Estado. Ela concentra os principais bancos privados do Centro da capital, mas, à noite, é frequentada por flanelinhas, mendigos, travestis, prostitutas e até usuários de drogas.  O JORNAL DO DIA conseguiu falar com alguns dos moradores de rua que estavam naquela noite e escaparam dos tiros. Pedindo para não serem identificados, eles revelaram que os dois homens foram vistos minutos antes do ataque, rondando a praça e chegando a entrar na agência do Banco Santander, onde, segundo eles, sacaram dinheiro.

Uma das testemunhas relatou que a dupla primeiro parou a moto em frente à Galeria Álvaro Santos, foram ao banco e depois contornaram pela praça até buscar a moto. Depois, eles entraram com a moto na contramão da travessa. A partir daí, duas versões aparecem. A primeira aponta que os motoqueiros subiram na calçada e dispararam na direção dos mendigos estavam deitados na calçada da agência do Bradesco, enquanto outra cita a presença de um terceiro homem, que seria usuário de drogas e teria sido o verdadeiro alvo dos atiradores. Após os disparos, a dupla fugiu pela rua Pacatuba.

Uma guardadora de carros afirmou que estava sentada ao lado de Ednaldo Félix quando o atentado aconteceu – e por pouco não foi baleada. "Eu vi quando os caras de moto vieram atirando. Fui a primeira a correr e dei sorte, porque eu poderia ter levado um tiro. Eu corri até os guardas [municipais] que ficam ali na Galeria [Álvaro Santos] e tive até que pular no pescoço de uma mulher pra avisar que tinham dois caras baleados. Ninguém acreditava na gente e aí eu mandei eles irem lá verem os corpos. Quando foi uns 80 minutos depois, mais ou menos, chegou um monte de polícia aqui e levaram os dois pro hospital", disse a testemunha, que tem 23 anos, está gravida e mora nas ruas desde a infância.

Outro andarilho relatou que se escondeu em uma pilastra durante o ataque e esperou os atiradores fugirem para ir pedir ajuda. Ele relata que o local onde eles dormem à noite sempre foi tranquilo, mas que agora, a situação mudou. O rapaz pretender procurar outros locais para se abrigar durante à noite, já que o Creas Pop, um Centro de Referência Especializado de Assistência Social mantido pela Prefeitura de Aracaju para atender aos moradores de rua, funciona apenas durante o dia e não dispõe de albergue noturno.

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