Milton Alves Júnior
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Há dois meses sem receber o ticket alimentação e o pagamento das férias, dezenas de motoristas das empresas Viação Cidade de Aracaju (VCA) e São Cristóvão realizaram na tarde de ontem uma paralisação temporária nos arredores do terminal de integração do Distrito Industrial de Aracaju (DIA). Segundo queixas dos funcionários, na última sexta-feira, 21, a juíza Gilvânia Oliveira, responsável pela 6ª vara do trabalho, determinou através de uma liminar que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), repassasse esse benefício para toda a categoria, mas até o final da manhã de ontem nem todas as empresas haviam solucionado o problema.
Com o trânsito parado em todas as vias, os condutores de ônibus só desobstruíram o local após serem informados de uma reunião agendada de forma extraordinária com o superintendente do Setransp, José Carlos Amâncio. De acordo com o motorista Ricardo Silveira Filho, a categoria só decidiu parar porque já havia chegado ao limite de espera. "Já chega de tanta enrolação com os servidores que suam a camisa todos os dias. Não temos boas condições de trabalho e agora tem mais esse problema. O que fazem com a gente é humilhação pura", disse. No auge da manifestação, cerca de 40 ônibus pararam de circular.
Através da assessoria de comunicação do Setransp, foi informado que José Amâncio recebeu representantes dos funcionários da VCA para dialogar sobre as reivindicações da categoria que culminaram na paralisação.
Na ocasião, Amâncio afirmou estar à disposição para auxiliar na busca de uma solução para a situação de inadimplência existente entre a empresa para com os seus colaboradores. De acordo com ele, um possível recurso é dar prioridade ao pagamento do pessoal com a verba arrecadada pela própria empresa, a quem cabe a responsabilidade da folha de pagamento. O superintendente garantiu ainda que o Setransp cumpre integralmente com os repasses para com a empresa de transporte de passageiros.
Ameaçando uma paralisação generalizada e por tempo indeterminado, o cobrador João Henrique dos Santos disse que se a situação não for regularizada nos próximos dias, todos os condutores devem cruzar os braços. Questionado quanto a periculosidade da profissão, ele disse: "Isso nem entra mais em pauta porque os patrões não entendem, ou não sabem o que a gente passa no dia-a-dia. Vocês viram ontem, dois ônibus depredados e um queimado. Toda semana tem registros de assalto. Pra piorar, não somos reconhecidos financeiramente conforme determina a legislação brasileira". Para tentar regularizar o fluxo de veículos, agentes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT/AJU) foram acionados.
"Não adianta, fecharmos todas as vias de circulação da região para que nosso pleito fosse devidamente atendido. Eles (agentes/SMTT) não têm muito que fazer. A não ser que reboquem todos os ônibus", pontuou João. A expectativa por parte da categoria é que o problema seja solucionado até a tarde de amanhã, caso contrário, um novo ato público pode ser realizado já no início da próxima semana.