Portas e janelas escancaradas
Otimismo bucólico em 'Pacífico Atlântico'
Publicado em 21 de maio de 2013
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
riansantos@jrnaldodiase.com.br
Pacífico Atlântico, a nova cria Arthur Matos, não vai surpreender ninguém. Já vai longe o tempo em que a ousadia da serenidade, traço distintivo e atestado de filiação do compositor, causava comoção entre os desavisados. Neste segundo disco solo, Arthur mais uma vez empenha a herança acumulada em sessões intermináveis de folk na vitrola para fazer valer a própria experiência. Como ele mesmo afirmou, em depoimento para o site Rock in Press, a matéria de suas canções é a vida.
Um disco ensolarado. A base acústica das composições reunidas no registro poderia sugerir um pendor para a melancolia, mas aqui o músico escancara portas e janelas. Um otimismo bucólico, traduzido nas fotos promocionais de Marcelinho Hora, aflora também em versos dedicados a uma afirmação de maturidade. Os arranjos assinados por Fabrício Rossini (que toca de tudo um pouco e ainda assina a produção de Pacífico Atlântico) derramam uma alegria tranquila ao longo das 11 faixas do disco.
Segundo Arthur, a tranquilidade certamente reflete o processo de gravação desse trabalho. Nenhuma correria. Tudo suave na nave. Foram gastos dois meses e diversas locações (até mesmo uma casa de praia foi utilizada) para captar vocais, baixos, baterias, percussão (campanella, maracas, pandeirola, tibetan singing bowl), teclas (utilizadas com muita parcimônia) violões (assim mesmo, no plural) e Auto Harp.
Segurança pra dar e vender. Arthur botou tanta fé no disco que investiu uma grana para fazer a masterização desse trabalho no estúdio Rif Mastering, em Seatle. Rick Fisher, que já trabalhou com Fleet Foxes, The Shins, Pearl Jam e Death Cab for Cutie foi quem cuidou da criança.
O resultado não surpreende (Arthur disse a que vinha logo em sua estreia). Nem decepciona.