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Padre de Moita Bonita se complica em depoimento


Publicado em 12 de junho de 2015
Por Jornal Do Dia


O PADRE JOSELITO NÃO SOUBE EXPLICAR DOAÇÕES

O padre católico Joselito Santana de Lima, responsável pela Paróquia de Moita Bonita (Agreste), será a oitava testemunha a ser investigada pela Polícia Federal, a pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SE) e dentro do processo que apura o uso irregular das verbas de subvenções da Assembleia Legislativa (Alese). Ele foi um dos que prestaram depoimento na penúltima audiência de instrução dedicada às testemunhas de defesa dos 24 deputados estaduais da legislatura passada, arrolados como réus neste processo. O pedido de investigação partiu do juiz relator do processo, Fernando Escrivani Stefaniu, que enxergou contradições e indícios de falso testemunho nas declarações do religioso.

Joselito foi intimado por ter organizado a distribuição de cestas básicas arrecadadas durante o evento Moita Fest, realizado na cidade em agosto de 2014. Segundo o Ministério Público, a festa foi promovida pela Associação de Moradores de Moita Bonita, entidade que recebeu cerca de R$ 60 mil em subvenções indicadas pelo deputado Venâncio Fonseca (PP). Em juízo, o padre admitiu que foi procurado por dirigentes da associação e concordou em fazer a distribuição. No entanto, ao ser questionado se conhecia as atividades da entidade, ele primeiro disse que não sabia de sua existência, mas depois, um pouco nervoso, acabou admitindo que sabia e passou a não responder as perguntas de forma clara.

O momento mais tenso foi quando Joselito começou a se esquivar de algumas perguntas feitas pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF), as quais chegaram a ser repetidas. Por conta do nervosismo, o religioso chegou a se referir ao juiz relator como "moço". Stefaniu foi ficando cada vez mais impaciente até repreender a testemunha. "Quando eu for na sua paróquia, eu vou poder te chamar de moço também?", disparou. Em outro momento, o magistrado se irritou mais ainda com uma intervenção dos advogados Fabiano Feitosa e Márcio Conrado, os quais tentavam esclarecer outra questão. "Não, deixa ele responder! A pergunta foi pra ele!", cortou Stefaniu, fazendo um gesto para que os advogados ficassem quietos.

Na saída, o padre admitiu aos jornalistas que "de certa forma sabia" da existência da associação, mas desconversou e encerrou a entrevista. Já a procuradora Eunice Dantas confirmou que pediu a abertura do inquérito, afirmando que nenhuma informação relevante foi extraída de Joseilto. "O depoimento foi contraditório e vago. Ele se esquivou de várias perguntas. Não soube dar informações relevantes, apesar de dizer que está lá desde 2011. Sabia poucos fatos sobre a cidade e associação. O que nós questionamos foi a ligação com a associação, pois temos documentos contrários às afirmações dele", explicou a procuradora.
Já o advogado de defesa Márcio Conrado contemporizou, afirmando que o pároco de Moita Bonita conseguiu comprovar que o Moita Fest foi mesmo realizado naquela época. "O depoimento demonstra que essas verbas repassadas não foram destinadas pra qualquer campanha do deputado Venâncio Fonseca. O que padre demonstrou não saber da existência da associação. Mas quanto ao conhecimento da festa isso ficou comprovado. Até porque foram apresentadas fotografias, que demonstram que a festa foi realizada", disse ele.
 
Outros depoimentos – Além do padre de Moita Bonita, outras três testemunhas de defesa compareceram ao TRE. Duas delas se referem à Associação Comunitária e Produtiva do Povoado Poço Comprido, em Campo do Brito (Agreste), também beneficiada com recursos indicados por Venâncio. Um dos depoentes, Agnaldo Pinto dos Santos, que é motorista do prefeito local Alexandro Meneses da Rocha, admitiu em juízo que sacou um cheque de R$ 100 mil que estava no nome do de um antigo presidente da associação. No entanto, ele alegou que o dinheiro veio de um convênio do governo federal com a entidade e que fez o serviço dois motivos: ser amigo do gerente da agência do Banese e "fazer um favor" ao presidente para liberar o dinheiro, o qual seria usado no pagamento de funcionários.

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