Preso mais um envolvido com morte de idoso em Lagarto
Publicado em 19 de junho de 2013
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
Está preso o quarto dos cinco acusados de assassinar o lavrador aposentado José Francisco Monteiro, 86 anos, o ‘Zeca de Arlindo’, que foi esfaqueado e queimado na quarta-feira passada em sua residência no povoado Barro Vermelho, em Lagarto (Centro-Sul). Agenildo Ricardo dos Santos, o ‘Geu’, 34, foi detido durante a madrugada no povoado Vargem, também em Lagarto, onde estava escondido na casa da mãe.
Ele é apontado como o mentor e principal executor do assalto, pelo qual já foram presos outros três acusados. Toda ação foi realizada por policiais da Delegacia Regional de Lagarto e do 7º Batalhão de Polícia Militar (7º BPM).
‘Geu’, considerado o mais perigoso do grupo, era procurado desde o dia do crime, mas teve sua identidade divulgada na última sexta, quando a polícia prendeu outros três envolvidos com o crime – entre eles, dois parentes do acusado: a companheira Girleide Cruz de Santana, 35, e o irmão Adenildo Ricardo dos Santos, 34. Outro indício contra o acusado foi a apreensão dos objetos roubados da residência do idoso, os quais foram achados pela polícia na casa de ‘Geu’. O outro envolvido no crime que já foi preso é Júlio Cesar de Jesus Carvalho, 22, enquanto o quinto acusado, Genário José dos Santos, 34, é o único que ainda está foragido.
De acordo com o delegado Ataíde Alves, responsável pelo caso, Agenildo foi apontado pelos outros presos como o homem que feriu o idoso na barriga e nos braços com golpes de foice, antes do incêndio criminoso. Na delegacia, o acusado confessou sua participação. "Inclusive ele disse que, tão logo o idoso abriu a porta, ele aplicou o primeiro golpe de foice, que pegou no braço do idoso, deu um segundo golpe quando a vítima caiu no chão, e após a subtração dos objetos, ele colocou um colchão sobre o idoso e ateou fogo", narra Alves, que ainda não sabe de forma clara como ‘seu Zeca’ foi morto. "Se o idoso estava vivo ou não, um laudo do IML pode esclarecer. Acredito que fizeram um exame nos pulmões do cadáver. Se ficou constatado que a vítima inalou fumaça, é um sinal claro de que ela estava viva no momento em que atearam fogo", acrescentou.
Apesar da confissão, ‘Geu’ alegou à polícia que foi convencido a participar do crime pela companheira e que estava bêbado quando esteve na casa do idoso. Girleide, por sua vez, afirma que foi o marido quem planejou tudo e obrigou-a a participar, com ameaças a mulher e aos filhos. "Ficou um jogando a responsabilidade para o outro", resume Ataíde, que não acredita na coação, mas confirma as agressões do acusado à mulher. "Essa situação de violência doméstica vem sendo confirmada no bojo dos autos. Houve uma situação anterior ao crime do roubo seguido de morte. O que não acreditamos é que a Girleide tenha sido obrigada a participar do crime. Nós descartamos isso durante as investigações. Ela foi de livre e espontânea vontade, e acreditamos que o grande artífice desse crime foi o Geu", assegura o delegado.
Outra questão a ser apurada é o motivo do assalto à casa de ‘seu Zeca’, o qual, até o momento, aponta para uma suposta rixa entre o idoso e Agenildo, com direito a até uma possível ameaça de morte. "A Girleide já havia trabalhado na casa do idoso e o ‘Geu’ já o havia ameaçado, há cerca de três meses. Essa ameaça foi testemunhada por algumas pessoas e elas prestaram depoimento no inquérito. Só que ele negou a ameaça e negou que houvesse alguma animosidade entre eles. Segundo o ‘Geu’, ele foi convencido a ir para a casa do idoso através da companheira dele. É uma alegação totalmente descabida e infundada. No curso do inquérito, a gente espera apurar melhor essa ameaça que o ‘Geu’ fez à vítima", disse Ataíde, frisando que o acusado, durante o interrogatório, "se mostrou frio, não mostrou arrependimento pelo que fez".
Agenildo, que não tem passagem pela polícia, foi indiciado pelos crimes de roubo seguido de morte e lesão corporal com violência doméstica, podendo ser condenado a até 33 anos de cadeia. O delegado Ataíde Alves não descarta a possibilidade de também indiciá-lo pelo crime de formação de quadrilha, pois a atuação de seu grupo em outros crimes não está descartada. "Não se sabe se esse grupo se juntou de forma esporádica ou já vinha cometendo outros crimes aqui no município de lagarto. Se ficar comprovado, todos responderão também pela formação de quadrilha", finaliza ele.