Rodoviários da viação São Pedro retornam ao trabalho

Com o fim da greve de motoristas e cobradores da Viação São Pedro, usuários do sistema público intermunicipal exigem que as empresas de ônibus e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedurb) possam articular medidas paliativas que contribuam para qualificar o serviço atualmente prestado para mais de cinco mil usuários todos os dias. Entre as principais queixas apontadas pelos passageiros está a falta de segurança nos terminais rodoviários e dentro dos veículos, ampliação da frota e maior conforto. A paralisação da São Pedro teve a duração de 72 horas e foi gerada após os funcionários denunciarem um atraso no pagamento salarial e ticket alimentação superior a três meses.

Com as pendências devidamente quitadas no final de semana, na manhã da última segunda-feira, 10, todos os profissionais já haviam voltado ao trabalho. Apesar da sensação de normalidade, nos últimos dois dias trabalhadores de outras empresas e sergipanos que dizem necessitar desse tipo de transporte alegam não saber até quando o serviço não será novamente interrompido por uma nova greve, ou manifestação. De acordo com o estudante Diego Lima Teles, todos os anos a média de mobilização é de quatro interrupções gradativas, ou de aviso de greve.

Para ele, por parte das empresas de ônibus falta organização e maior respeito com os clientes. "Qualquer passageiro que vocês entrevistarem aqui vai confirmar que tem receio de greves. Por um lado, os donos de empresa não valorizam os seus funcionários, muito menos os passageiros, do outro lado da moeda o estado só parece interferir quando a greve já foi deflagrada, assim como foi na semana passada quando ônibus extras foram colocados. Infelizmente essa é a nossa realidade e daqui a uns três meses terá outra manifestação que vai prejudicar a vida de muita gente", disse.

Ciente dos problemas que ameaçam atingir os passageiros e profissionais rodoviários, Miguel Belarmino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Estado de Sergipe (Sintra), garante que a direção sindical permanece intensificando os debates a fim de evitar que novas greves interfiram no dia a dia dos sergipanos. Quanto ao problema que atingiu cerca de 40 servidores da São Pedro, Belarmino garantiu que ao longo dos últimos dois meses uma série de debates e acordos vinham sendo realizados junto ao empresário, mas nenhum deles foi cumprido pela empresa e isso teria gerado a greve.

Ao Jornal do Dia o presidente disse não avistar nenhuma nova mobilização para os próximos meses, mas não descarta essa possibilidade apontada pelo passageiro Diego. "Não nos passa pela imaginação promover uma greve agora porque de fato não temos motivos concretos. É fato que buscamos sempre melhores condições de trabalho e valorização profissional para todos, mas estamos ainda nos debates. Apesar de a gente não ter motivos reais para parar, esse cenário pode ser revertido e se o Sintra avaliar que a categoria e a população estão sendo prejudicadas pelo setor empresarial, vamos sim promover assembleia e saber dos companheiros sindicalistas o que eles acham", afirmou.

Ainda em entrevista Belarmino citou as polêmicas trabalhistas envolvendo centenas de funcionários da Bomfim e Viação Cidade de Aracaju (VCA). "O Sintra sempre esteve ao lado dos trabalhadores e acabamos de vencer uma luta judicial iniciada pelos ex-funcionários da Bomfim. Recentemente os ex-funcionários da VCA também conquistaram seus benefícios. Garantimos nesse momento um serviço normalizado e vamos manter as conversas com a Sedurb para tentar melhorar esse sistema", pontuou.