Rogério nada de braçada e consolida a sua candidatura

Enquanto adversários e até supostos aliados ficam na torcida para que o senador Rogério Carvalho (PT) anuncie a retirada de sua pré-candidatura a governador, ele só faz crescer. Lançou a plataforma Sergipe de Todos (www.sergipedetodos.com.br) para estimular a participação da população na elaboração de seu programa de governo, amplia contatos e atrai novos aliados.
O argumento usado é o mesmo: a candidatura de Rogério prejudicaria a candidatura do ex-presidente Lula na disputa contra Bolsonaro, e que o PSD nacional exigiria o apoio ao deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), que deverá ser o escolhido pelo governador Belivaldo Chagas, para apoiar o PT na disputa presidencial. Se ocorrer mesmo a confirmação da candidatura de Mitidieri, o deputado vai pedir votos para Lula – ou para o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), caso o partido mantenha a sua candidatura. Não pula para o palanque de Bolsonaro porque sabe que só iria perder votos no estado.
Rodrigo Pacheco, aliás, sendo candidato ou não a presidente, nunca proporia a retirada da candidatura de Rogério. Os dois são amigos pessoais e o senador sergipano, como líder do PT, foi o primeiro a defender a sua escolha para a presidência do Senado, sendo compensado com a 3ª secretaria e recursos de emendas para as suas bases eleitorais.
No PT nacional ninguém mais discute isso. A pré-candidatura de Rogério foi combinada com Lula e a presidente nacional, deputada Gleise Hoffmann (PR), passou a incluir Sergipe entre os estados em que o PT não abre mão em apresentar candidatura própria a governador.
Em vídeo exibido durante o lançamento do Sergipe de todos, na sexta-feira (18) Hoffmann destacou: “Mando um abração ao Rogério e à militância do PT Sergipe, que está reunida para o lançamento desta plataforma para assim construir um plano de governo em conjunto com o povo sergipano. É muito importante essa iniciativa, pois queremos fazer uma campanha onde as pessoas se sintam participantes, atuantes junto conosco, construindo o sonho que nós temos para governar em Sergipe e em todo o Brasil. Um abraço grande, sucesso e estamos juntos nessa caminhada, Rogério”.
O ex-ministro Gilberto Carvalho, que hoje atua como uma espécie de secretário particular de Lula, não apenas participou do ato como fez um discurso emocionado. “Quero parabenizar os sergipanos, pois são todos vocês que construirão e reconstruirão as mudanças em nosso País. Dessa união de todos nós é que tiraremos a capacidade para superarmos as dificuldades, tão presentes em nosso Brasil hoje em dia. A construção desse modelo de projeto vem dos partidos, movimentos sociais e dos cidadãos, e saibam que as melhores criações do Lula e da Dilma foram resultados da mobilização do povo. Governar com o povo é um ato de inteligência, pois é daí que tiramos as diversidades, as ideias e sensibilidades necessárias para o desenvolvimento. O Sergipe de Todos é uma plataforma muito bem construída, muito bem pensada e de fácil acesso. A democracia se faz com a participação de todos nós, por isto acessem, respondam, participem”, frisou.
A candidatura de Rogério Carvalho preocupa os aliados do governador Belivaldo, porque ela nasce muito forte e deve crescer ainda mais, quando ficar claro que ele é o candidato de Lula em Sergipe. Em 2018, com Lula preso, Fernando Haddad – um nome desconhecido da maioria do eleitorado – ganhou em todos os municípios sergipanos. No primeiro turno obteve 50,09% (571.234 votos) contra 27,21% (310.310 votos) de Jair Bolsonaro. No segundo turno a votação de Haddad pulou para 67,54% (759.061 votos) contra 32,46% (364.860) de Bolsonaro. E Rogério foi um dos senadores eleitos, derrotando os favoritos André Moura, Valadares e Jackson Barreto.
Rogério já definiu uma aliança com o PSB e com o PV, mas nada impede que avance sobre outras legendas que hoje continuam na órbita do governo do estado, e aguardam com certa impaciência a definição do candidato governista.
Belivaldo marcou uma reunião do grupo para o dia sete de março e pretende anunciar o candidato até o final do mês, prazo muito longo até as convenções partidárias – no final de julho. Se não for costurada uma aliança sólida, com o compromisso dos preteridos em apoiar o escolhido, a debandada pode ser grande.
Enquanto o governo transformou a escolha do seu candidato à sucessão de Belivaldo num processo traumático, Rogério Carvalho nada de braçada.