Sexta, 08 De Dezembro De 2023
       
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Pescadores denunciam contaminação do São Francisco por agrotóxicos


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Publicado em 01 de setembro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Foto: CUT Sergipe/Divulgação

No povoado Serrão, em Ilha das Flores, margem Sergipe do Rio São Francisco, as pescadoras e pescadores na região da Engazeira reclamam da poluição do rio pelo despejo de água contaminada de agrotóxicos utilizados pela rizicultura (plantação de arroz).
A denúncia é da Associação de Mulheres e Homens Pescadores Nossa Senhora Aparecida Povoado Serrão Ilha das Flores, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE). Segundo a presidenta da Associação, Zilda Souza, a região da Engazeira, no povoado do Serrão, é onde o problema da poluição das águas do Rio São Francisco é mais grave.
Zilda cita o exemplo do riacho Bong que perpassa o município Ilha das Flores e leva água limpa para a agricultura e principalmente para a rizicultura da região. No entanto, após a água doce e limpa ser captada e usada pela rizicultura, ela é devolvida suja para o riacho que desagua no Rio São Francisco, principal bacia hidrográfica da região Nordeste.
Zilda relatou que o despejo de água contaminada no rio prejudica o meio ambiente, os peixes, compromete a saúde das famílias de pescadoras, pescadores e marisqueiras que estão sempre em contato com esta água e por isso acabam adoecendo.
“A destruição da natureza acaba inviabilizando a pesca. Nos períodos de muita chuva, os peixes se escondem no fundo do rio, e fica mais difícil pescar. No verão, com o sol forte, a água poluída da rizicultura forma uma espuma tão fedorenta, uma espuma tão grossa que dá pra cortar com uma faca. É um crime o que estão fazendo com o Rio São Francisco”, relatou Zilda.

Melhorias – Por meio do Projeto Dom Távora em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), a Associação conquistou a aquisição de 14 embarcações que atendem a 50 famílias de pescadoras e pescadores da região.
“Antes a gente pegava carona de barco para ir pescar no outro lado do rio. Aqui é muito difícil por que é muito fundo, lá do outro lado, é mais fácil de pegar o peixe, o camarão, na de Ilha de Seu Noca que tem poças e a gente tem uma profundidade melhor para pescar. Então, com o projeto que conseguimos e com as embarcações, ficou muito melhor”, explicou Zilda Souza.
A pescadora contou que no povoado do Serrão nem todo mundo tem água encanada, por isso a água do rio é usada para tudo em muitas casas. Assim, as embarcações conquistadas também servem para os pescadores pegarem água no meio do rio, pois não apresenta o mau cheiro e a cor escura da água que fica nas margens.
A pescadora Zilda relata que crianças, adultos e idosos da comunidade têm problemas de saúde. “Tive pessoas da associação com 35 anos e que tiveram câncer e morreram. Foi um sentimento pra gente perder uma companheira querida para o câncer. Além do luto, a situação aumenta a nossa preocupação sobre a contaminação da água”.
A presidenta da Associação fez um apelo para que as autoridades competentes resolvam este problema que interfere na vida de toda a comunidade ribeirinha.
“A gente não sabe se é por causa do contato com essa água (que a gente vê que está contaminada por causa do cheiro ruim e da espuma marrom), que as pessoas estão com tumor e câncer, mas a gente sabe que o agrotóxico é prejudicial à saúde e dá câncer sim. O que é constante e a gente vê por aqui é a coceira na pele que causa feridas; é mulher com problema no útero; é câncer de mama… Somos uma associação formada por mulheres em sua maioria, tudo isso nos preocupa. Agora imagine uma criança se banhando e tomando dessa água todo dia, com o passar do tempo como é que a saúde dessa criança vai ficar? Não é todo mundo que tem dinheiro para comprar um galão de água, então quem precisa usa água do rio mesmo”, questionou Zilda.

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