Quinta, 12 De Junho De 2025
       
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Seguranças viram reféns nas mãos dos assaltantes


Publicado em 26 de agosto de 2012
Por Jornal Do Dia


Vigilantes se tornaram alvos fáceis dos bandidos, que atacam em busca das armas

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

O roubo de armas de vigilantes, crime que ganhou freqüência nos últimos meses em Aracaju, preocupa as empresas do setor e mobiliza a polícia. O Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de Sergipe (Sindesp) contabiliza 42 assaltos ocorridos apenas neste ano, que resultaram no roubo de revólveres – em sua maioria de calibre 38 – usados em serviço pelos profissionais. No entanto, o JORNAL DO DIA teve acesso à relação de armas roubadas de uma grande empresa de segurança da capital, que lista 63 revólveres furtados até agora, de vigias que trabalhavam em locais como postos de gasolina, supermercados, condomínios e até da sede da Empresa de Desenvolvimento Agrário de Sergipe (Emdagro).

A reportagem apurou que, das armas perdidas pela empresa, apenas uma foi recuperada pela polícia e a pessoa que portava tal arma já responde a processo na 8ª Vara Criminal de Aracaju. Os representantes da empresa não foram encontrados para falar do assunto, mas o presidente do Sindesp, Marco Aurélio Pinheiro Tarquínio, mantém a estatística de 42 armas roubadas desde janeiro – dentre todas as 10 empresas de vigilância legalizadas pela Polícia Federal que atuam em Sergipe. Ele acredita que a relação apurada pelo jornal pode ter ocorrências registradas no ano passado e explica que, pela lei, todos os furtos, roubos ou extravios de armas das empresas de segurança devem ser comunicados à Polícia Federal em um prazo de 24 horas, além do registro de um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil.

O assunto voltará a ser discutido às 10h desta quarta-feira em uma reunião dos empresários com o secretário de Segurança Pública, João Eloy de Menezes e a cúpula da SSP, que devem receber um documento oficial com propostas debatidas na quarta-feira passada pelos empresários do setor, em uma reunião extraordinária. Nas propostas, está o pagamento de uma recompensa de R$ 400 para cada equipe de policiais que conseguir recuperar armas pertencentes a empresas legalizadas. "O governo já paga uma gratificação de R$ 400 para quem apreender uma arma, mas para estimular mais apreensões, as empresas também se dispõem a pagar essa recompensa", diz Tarquínio.

Outro pedido dos empresários será um maior empenho na identificação dos criminosos e na investigação pelo paradeiro das armas furtadas, com a conseqüente responsabilização judicial de quem as porta. Para isso, será proposta pelo Sindesp a centralização em uma única delegacia – a ser definida pela SSP – das ocorrências registradas por empresas ou vigias, não importando a unidade em que o BO seja feito.

As discussões sobre os assaltos contra vigilantes foram intensificadas após o assassinato do vigilante Cléber Antonio dos Santos, 43 anos, morto na segunda-feira passada, ao trocar tiros com dois bandidos que tentaram roubá-lo em uma loja do grupo Cimavel na BR-101, em Nossa Senhora do Socorro (Grande Aracaju). A polícia acredita que os criminosos tentariam roubar a arma de Cléber, embora o representante do Sindesp não considere totalmente esta hipótese. "Pode haver outros motivos. Acho, no mínimo, estranho que tenha sido latrocínio, porque 99,9% dos roubos de armas acontecem sem nenhuma morte. Mas a polícia está apurando esse crime e desenvolvendo outras linhas de investigações", diz Marco Aurélio.

Falha de quem contrata – O empresário também apontou falhas de segurança das próprias empresas que contratam os serviços das firmas de vigilância, que empregam atualmente mais de 6 mil pessoas. Segundo Tarquínio, a principal delas está nas casas lotéricas e nos correspondentes bancários, além dos estabelecimentos comerciais de maior movimento. "Não se faz segurança apenas com um vigia armado distribuindo senha. O negociante tem que oferecer todo um conjunto de dispositivos além desse profissional. Tem que ter o circuito interno, tem que ter uma cabine ou um recuo para ele não ficar muito exposto, como acontece muitas vezes, e outras condições de trabalho", afirma ele.

Marco Aurélio afirma que estas falhas aparecem principalmente nas agencias do Banco do Estado de Sergipe (Banese), que de acordo com ele, "é a única instituição bancária brasileira não possui portas giratórias nas suas agências", o que descumpre até mesmo exigências do Banco Central do Brasil. "Porque é que isso não acontece tando no Banco do Brasil, na Caixa econômica (Federal), nos outros bancos, porque eles têm cabines e portas giratórias. E o Banese não tem, nem as lotéricas e nem os Pontos Banese. Desse jeito, fica fácil roubar, porque o vigilante sozinho não vai ter como impedir", argumenta.

O presidente do Sindesp rebateu ainda algumas críticas de setores da polícia quanto ao preparo dos vigilantes, que muitas vezes não oferecem nenhuma reação à abordagem dos bandidos, como no caso do assalto da última quinta-feira ao Banese da Avenida Simeão Sobral, no Santo Antônio (zona norte). "Eles são orientados a não reagir ou trocar tiros dentro da agência ou das lojas, porque há pessoas inocentes que podem sair feridas", justificou Tarquínio, que também cobrou um melhor patrulhamento da polícia nos locais com concentração de estabelecimentos comerciais.

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