Quarta, 26 De Março De 2025
       
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Sem pausa para o comercial


Publicado em 07 de fevereiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Um artista de verdade, sem tirar nem por (Foto: Roberto Cifarelli)

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

Eu sou um homem de muitos preconceitos. Não admito, por exemplo, que artistas dignos do aplauso se disponham às gincanas sem graça dos programas de televisão. Há, sim, razões legítimas para fazer parte do circo. A oportunidade de alcançar um público estimado em milhões de pessoas é promessa fermentada no bafo do próprio Mefistófeles. Em verdade, no entanto, os números do Ibope passam ao largo dos mistérios da criação.
Lina Souza cantou ‘Asa Branca’ no global The Voice. Linn da Quebrada explica os conceitos de gênero, identidade e sexualidade na casa do BBB. Não vi uma, não verei a outra. Mas aposto que elas logo serão esquecidas pela audiência. Sob os holofotes do estúdio, a alegria mais ruidosa dura tanto quanto um comercial de margarina.
O público cativo de um artista está em outro lugar, nos bares da vida. É gente de verdade, sem lembrança dos próprios sonhos, no encalço de ilusões perdidas. Reparem na ironia fina de Arnaldo Antunes ao dublar a música ‘Televisão’, no Cassino do Chacrinha (1985). Os Titãs se divertem com a pantomina. Mas o playback não diz nada a ninguém.
Todo mundo conhece a história: Lina Souza e o conjunto vocal As Moendas acompanharam Vinícius de Moraes e Toquinho, em turnê muito comentada, Brasil afora. Eu fico com essa memória, contrabandeada por meio do YouTube. Não há como conciliar a verdadeira grandeza da artista Lina Souza com a vulgaridade dos trinados celebrados num programa de televisão.

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