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Sete presos em operação contra milícia


Publicado em 04 de dezembro de 2014
Por Jornal Do Dia


O delegado Milton Rodrigues Neves durante a entrevista coletiva

A OPERAÇÃO 'POÇO VERMELHO', EXECUTADA PELA PF, QUER ACABAR COM GRUPO DE EXTERMÍNIO QUE AGIA NA REGIÃO DE POÇO VERDE

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Avançam as investigações que apuram a existência de um grupo de extermínio em cidades do Centro-Sul de Sergipe, baseado principalmente em Poço Verde. Durante a madrugada e a manhã de ontem, sete acusados de envolvimento com o suposto grupo foram presos pela Polícia Federal, durante a "Operação Poço Vermelho". Ao todo, 120 agentes federais foram mobilizados para cumprir 24 mandados judiciais expedidos pela Comarca de Poço Verde, sendo seis de prisão preventiva, 15 de condução coercitiva e três mandados de busca e apreensão. Até o final da manhã de ontem, eles resultaram na apreensão de 11 armas de fogo (cinco pistolas, dois revólveres e quatro escopetas), duas armas de brinquedo e munições.
A operação teve diligências e apreensões nas cidades de Poço Verde, Simão Dias, Boquim, Lagarto e Aracaju, além das cidades baianas de Cícero Dantas e Heliópolis. Entre os presos que tiveram a prisão preventiva decretada, estão dois policiais militares: o sargento Leonídio Rosa de Oliveira, lotado em Simão Dias, e o soldado Adriano Batista Macedo, baseado em Poço Verde. Os nomes foram confirmados pelos advogados deles e pelo Comando da Polícia Militar, que anunciou a abertura de um inquérito administrativo para investigá-los. Ambos foram encaminhados para o Presídio Militar (Presmil). Já a identidade dos outros presos não foi revelada. Os conduzidos para dar depoimento foram liberados no final da tarde.
A PF confirmou que a investigação do grupo está relacionada à série de assassinatos ocorrida na cidade de Poço Verde desde 2012, quando foi denunciada a existência de uma lista de suspeitos de crimes e ex-presidiários que estariam "marcados para morrer" na cidade. "Dessa ‘lista negra’, onde constavam mais de 20 nomes, hoje existem mais de nove mortos. E esta lista teria sido distribuída por esse grupo. Por se tratar de execuções, crimes de grave violação aos direitos humanos, esse caso foi pro Conselho Nacional do Ministério Público, passou pelo Ministério da Justiça e acabou chegando à nossa divisão", disse o delegado Milton Rodrigues Neves, da Divisão de Direitos Humanos da PF, em Brasília (DF).
De acordo com Neves, o inquérito foi instaurado em maio deste ano, com base em reportagens publicadas na imprensa sergipana e em denúncias registradas pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Ele confirmou ainda que o acusado de liderar a milícia, o ex-presidiário José Augusto Aurelino Batista, falecido em 15 de outubro último, também era investigado pela Policia Federal. A morte, ocorrida durante uma operação da Civil, foi posta em dúvida e é investigada em outro inquérito instaurado pela PF. (leia mais no boxe)
O delegado explicou ainda que todas as pessoas presas ou obrigadas a depor são acusadas de colaborar direta ou indiretamente com a milícia. "O José Augusto tinha uma rede de pessoas que colaboravam, se cercando de todas as maneiras para que ninguém chegasse a ele. Tinha os que passavam informações e tinha os que agiam junto com ele na execução destas pessoas, o que dificultava muito o trabalho da polícia. Essas pessoas que foram presas são aquelas sobre as quais temos indícios razoáveis e evidências de participação delas no grupo. Já as conduções são de pessoas que se comunicavam de certa forma com as pessoas envolvidas no grupo e podem estar na condição de testemunhas ou mesmo ser indiciadas, a depender das provas que levantarmos sobre a participação delas", declara Neves.
Ele afirma ainda que a milícia formada em Poço Verde era "um grupo armado e organizado para a execução de pessoas", que também atuava no comércio ilegal de armas e munições. Sobre o envolvimento de políticos e comerciantes locais com o grupo de extermínio, o delegado federal afirmou que não há indícios confirmados neste sentido, mas admitiu que Aurelino tinha relações com eles, mas por oferecer serviços de "segurança". "Ele trabalhava com carros de som e tinha uma ligação muito grande com comerciantes, utilizando esses serviços de som para vender uma falsa segurança. Ele tinha respeito na cidade, por ser considerado alguém que faria justiça e agiria em relação a pessoas com crimes. E por conta da ausência do estado, onde o Estado não atua, a milícia se formou e a população passou aceitar isso como algo valioso. E isso é preocupante", destacou Milton.

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