O ex-prefeito Sukita com agentes da Polícia Federal
Sukita confirma recurso no STF e critica teses
Publicado em 13 de dezembro de 2014
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
O ex-prefeito de Capela (Agreste), Manuel Messias Sukita dos Santos, confirmou ontem de manhã que vai recorrer da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que manteve a negativa de registro de sua candidatura a cargo de deputado estadual. O recurso deve ser impetrado até esta segunda-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), com a expectativa de que seu julgamento aconteça até a próxima quinta, quando está marcada a diplomação dos candidatos eleitos em outubro. O ex-prefeito assistiu ao julgamento realizado anteontem à noite na sede do TSE, em Brasília (DF), e ontem permaneceu na capital federal, reunido com advogados.
O recurso especial impetrado por Sukita no TSE foi negado por 5×2. A decisão impede que o ex-prefeito seja diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE), o que beneficia diretamente o deputado estadual Francisco Gualberto (PT), que seria o primeiro suplente da coligação "Agora é o Povo". O resultado mantém a decisão anterior do TRE, a qual considerou válido o documento entregue por Sukita em 9 de agosto deste ano ao seu antigo partido, o PSB, no qual retirava a sua candidatura "em caráter irrevogável". Sukita defende que seja aceito um segundo documento entregue ao TRE três horas depois, no qual ele pede a manutenção da sua candidatura e alega que o documento anterior não representa sua vontade.
Em entrevistas dadas ontem, o ex-prefeito contestou a tese defendida pelos advogados de Gualberto e aceita pela maioria dos ministros do TSE, a qual afirma que não há direito de retratação em casos de renúncia voluntária. "A tese do advogado é distorcida, porque ele não aborda o mérito, que era se qualquer cidadão brasileiro pode renunciar [à candidatura] e reconsiderar antes da homologação. Pode sim. É tanto que o procurador-geral eleitoral disse que a razão estava do nosso lado, e a ministra relatora [Luciana Lóssio] o fez do mesmo jeito, sendo acompanhada pelo ministro presidente [José Dias Tóffoli]", argumentou, dizendo que quer "corrigir o equívoco" da sentença no STF.
Ao comentar a tese levantada no voto divergente do ministro João Otávio de Noronha, Sukita voltou a dizer que houve falsificação no documento de renúncia entregue pela Executiva Estadual do PSB depois que ele foi preso pela Polícia Federal, acusado por crimes de corrupção investigados durante a "Operação Pop", deflagrada em julho. "O ministro discutiu se a assinatura é válida ou não é válida. Aí houve a distorção, porque o caso em tela não era esse. A assinatura de fato não era válida porque ela é falsificada. E foram falar das testemunhas [que assinaram a carta de renúncia], só que uma não estava no Brasil e a outra nem na capital estava. E pra completar, como é de conhecimento, eu estava preso naquele dia. Como é que eu poderia me reunir com as testemunhas?", fala o ex-prefeito, afirmando que "existem provas" de que ele foi "coagido a assinar a renúncia".
"Perseguido" – Sukita recebeu 33 mil votos nas eleições de outubro, mesmo depois de ter sido preso durante a "Pop" e processado pelos ministérios públicos Federal e Estadual. Junto com a esposa Silvany Mamlak, a irmã Clara Miranir e o ex-secretário José Edivaldo, ele é acusado de desviar cerca de R$ 6 milhões em recursos públicos estaduais e federais repassados à Prefeitura de Capela, durante sua gestão, entre 2004 e 2012. Segundo as investigações, esse dinheiro foi parar em empresas e contas bancárias do ex-prefeito.
Sobre as acusações, Sukita disse que elas são fruto de uma "grande perseguição" de adversários e até aliados políticos, os quais teriam formado uma suposta "trama" para acabar com sua carreira política. "Sergipe inteiro sabe que eu transformei a cidade. Como eles não podem me chamar de preguiçoso, incompetente ou mau prefeito, resolveram me taxar de ladrão, pra que as pessoas me odiassem. Foi uma armadilha montada muito bem montada em benefício de alguém. Eu tenho que me defender das acusações, provar a minha inocência e rezar pelos meus inimigos", disse ele, citando que o atual prefeito capelense, Ezequiel Leite (PR), "encaminhou denúncias genéricas" aos órgãos federais sobre as contas da sua gestão.
O ex-prefeito aproveitou para atacar diretamente Ezequiel, Francisco Gualberto, a diretoria do PSB e até o senador Antônio Carlos Valadares, a quem considera como interessados em "tomar o mandato na tora". Ele se disse "prejudicado gratuitamente" e "perseguido implacavelmente" pelos políticos citados "por estar na política para fazer o bem ao povo". Apesar das críticas, ele reafirmou que permanece apoiando o governador Jackson Barreto (PMDB) e pretende conversar com ele para marcar a posição de seu grupo político. Os políticos citados pelo ex-prefeito não quiseram comentar as declarações.