Sexta, 19 De Abril De 2024
       
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Um arco-íris de alegria


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Publicado em 28 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia


Foi bonito

Rian Santos
[email protected]

Eu confesso: Ao olhar o meu rosto no espelho, espero enxergar a face de um cidadão progressista. Votei em Lula e me decepcionei com o PT, tive uma fase vegana, a pobreza crescente me assusta tanto quanto a desigualdade social. Apesar disso, vergonha das vergonhas, não engulo o discurso identitário. O oba-oba provocado pela voz de Pablo Vittar, um fenômeno de mídia, por exemplo, soa aos meus ouvidos como uma injustiça contra Liniker. Esta, sim, uma cantora de verdade.

Há diversas razões para não comer do prato servido pelos justiceiros sociais de plantão na internet, a começar pela falta de consequências provocadas pela aplicação de um suposto indicador de gênero ao fim dos substantivos. A presidente Dilma Rousseff não deixou de defender a construção de hidrelétricas “sob qualquer circunstância” por se apresentar como presidenta do Brasil. O aborto não foi legalizado. As políticas de proteção à mulher seguiram à míngua, insuficientes.

É imperativo admitir que a eleição da vereadora Linda Brasil, a mais votada em Aracaju, tem um sentido simbólico e cultural dos mais relevantes. Quando menos, representa a emergência de uma sociedade plural e diversa em âmbito institucional. Não é qualquer feito. Mas precisa se justificar para além dos hapennings tão a gosto do PSOL.

Anteontem, Linda Brasil desfilou pelas ruas do Centro até a Câmara Municipal de Aracaju, a fim de comparecer à primeira sessão presencial realizada pela atual legislatura. A vereadora causou ao pintar um arco-íris de alegria com os próprios passos, como na música de Xuxa. Como estratégia de comunicação, o percurso não poderia ter sido mais feliz, rima com o belo graffitte de Marielle assinado por André Chagas na fachada de seu gabinete, na Rua Itabaiana. Foi bonito. Mas, se perguntar não ofende: E daí?

Eu espero sinceramente que a oportunidade singular representada pela eleição de Linda Brasil não redunde apenas em posts bombados no Twitter e Instagram, ou em artifícios francamente infantis, como os neologismos criados para marcar a sua atuação. Apelidar o seu gabinete de “gabineta”, ou o seu mandato de “mandata”, não vai mudar nada, não vai poupar a vida de nenhuma trans nas esquinas de Aracaju.

Post Scriptum: Escutem Liniker. Os seus refrões não são pegajosos como os de Vittar. Antes, tocam fundo, até a alma.

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