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Um passo à frente e dois a refletir sobre as mulheres na política


Publicado em 05 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


É curioso observar como, ao longo das últimas sete eleições, a participação feminina cresceu de forma consistente, dobrando o número de candidaturas desde o ano 2000

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* Gregório José

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As eleições municipais se aproximam, trazendo à tona a questão da representatividade feminina, um tema que, embora tenha ganhado fôlego nos últimos anos, ainda enfrenta obstáculos significativos. Segundo um levantamento recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado em 30 de agosto, apenas 15% dos candidatos a prefeito nas eleições de outubro são mulheres. Esse número, embora represente um avanço, revela uma realidade paradoxal: mesmo com as conquistas obtidas, a estrada para a equidade de gênero na política ainda é longa e acidentada.
É curioso observar como, ao longo das últimas sete eleições, a participação feminina cresceu de forma consistente, dobrando o número de candidaturas desde o ano 2000. Naquela época, a presença de mulheres na corrida eleitoral era quase insignificante (apenas oito em cada cem candidatos). Hoje, essa proporção subiu para 15%, o que, se por um lado demonstra um progresso, por outro, escancara a persistente sub-representação feminina num país onde as mulheres são a maioria da população.
O estudo da CNM reflete um aspecto qualitativo importante: as mulheres candidatas têm, em média, um perfil educacional superior ao dos homens. 79% delas possuem ensino superior completo, contra 55%. É um dado que nos faz refletir sobre as barreiras invisíveis que ainda se erguem contra a plena participação feminina, não por falta de competência, mas pelo peso de tradições enraizadas e preconceitos velados que ainda permeiam a sociedade.
O ineditismo destas eleições é outro ponto que merece destaque. Em 101 cidades brasileiras, veremos disputas exclusivamente femininas, um fato sem precedentes. Em 24 desses municípios, inclusive, haverá uma única candidatura, e em 189 cidades, as mulheres serão maioria na disputa. São números que, embora ainda tímidos, nos indicam que o movimento de mulheres na política está ganhando terreno, ainda que de forma lenta e gradual.
Tania Ziulkoski, presidente do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), explica que esses avanços são apenas o começo de uma longa caminhada. Fundado em 2017, o MMM busca aumentar a conscientização e o empoderamento das mulheres nas esferas de decisão política, lutando para que o cenário eleitoral brasileiro seja mais representativo das realidades e das aspirações femininas. O progresso é uma mistura de esperança e desafio, um lembrete de que, embora as mulheres estejam cada vez mais presentes no palco político, há muito a ser feito para que suas vozes sejam ouvidas com a mesma força e respeito que as dos homens.
O cenário é de um Brasil que se reinventa aos poucos, onde as conquistas são celebradas com um olhar atento para os desafios que ainda se impõem. Precisamos seguir na expectativa de que, nas próximas eleições, o crescimento da participação feminina continue, transformando não apenas o panorama político, mas essência de um país que se quer mais justo e igualitário.

* Gregório José, Jornalista/Radialista/Filósofo

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