Um raio de luz no setor de empregos no Brasil

* Gregório José

O Brasil, país das contradições, acaba de receber uma boa nova. Em meio a tantas notícias de crise, escândalos e instabilidade, o mercado de trabalho trouxe um alento: 59% das cidades brasileiras registraram saldo positivo de carteiras assinadas em junho de 2024. Foram mais de 2,064 milhões de novos empregos contra 1,867 milhão de desligamentos, resultando num saldo positivo de 196.269 postos de trabalho.
No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo de empregos ficou em 1,72 milhão, um aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior. E se olharmos para os primeiros seis meses de 2024, vemos um crescimento impressionante de 25% no saldo de empregos comparado ao primeiro semestre de 2023.
Esses números revelam algo essencial: confiança. Confiança dos empresários em investir, em aumentar a produção, em contratar mais. Confiança de que o consumo está em alta e que, portanto, a economia vai bem. Essa dinâmica é um círculo virtuoso: mais produção, mais empregos, mais consumo, mais produção. E assim por diante.
Um dado notável é que a quantidade de empregos formais alcançou o maior nível da série histórica em junho, com 46,8 milhões de postos de trabalho regularizados. Isso representa um aumento de 0,4% em relação a maio, 3,8% em relação a junho de 2023 e 3,5% nos últimos 12 meses. Em tempos de informalidade galopante, ver o crescimento dos empregos formais é uma conquista.
O setor de serviços lidera a criação de empregos, com destaque para agenciamento e locação de mão-de-obra, serviços de escritório e administrativos, e serviços de saúde humana e sociais. A construção civil, sempre um termômetro da economia, também mostra sinais de recuperação, puxada por obras de infraestrutura tocadas por estados e municípios. O comércio e a indústria não ficam atrás, com números robustos na geração de empregos.
Este cenário positivo é, em grande parte, fruto de ajustes fiscais e políticas que permitiram um maior investimento dos governos estaduais e municipais. A austeridade no controle dos gastos, especialmente no que tange aos salários dos servidores públicos nos últimos anos, abriu espaço nos orçamentos para investimentos que estão começando a dar frutos.
Claro, não devemos nos deixar levar por um otimismo ingênuo. A economia brasileira ainda enfrenta desafios imensos. Mas é fundamental reconhecer e celebrar as conquistas quando elas acontecem. Afinal, cada carteira assinada representa uma vida transformada, uma família que ganha segurança, um cidadão que passa a contribuir formalmente para a economia.
Enquanto aguardamos as próximas manchetes e enfrentamos os próximos desafios, vale a pena saborear esse momento de boas notícias no mercado de trabalho. É um sinal de que, mesmo lentamente, estamos no caminho certo. E, em tempos tão difíceis, isso já é motivo suficiente para um brinde.

* Gregório José, Jornalista/Radialista/Filósofo