Uma canção de John Lennon

 

Ser mulher não é fácil. A conquista decanta da num aforismo cunhado por Simone de 

Beauvoir custa sangue, suor e lágrimas. Um episódio corriqueiro, registrado em uma daquelas matérias apressadas e incompletas publicadas nos portais locais, faz pensar nos versos de Cajuína,  a fragilidade da matéria vida – tão fina.

Aterrorizada, uma mulher pulou de uma moto em movimento ao perceber que o motoboy solicitado por meio de aplicativo adotou um percurso diferente do acordado entre as partes. Segundo o relato da vítima, o piloto ignorou a solicitação de interromper a viagem, apesar de sua insistência. Restou-lhea queda, o extremo de um gesto desesperado.

Leio a notícia e jogo a as mãos para o céu. Deus fez ouvidos moucos para as minhas preces. Quando o meu filho foi gerado, eu torcia por uma menina.

O mais engajado entre os Beatles, John Lennon já aconselhou uma reflexão profunda sobre a condição feminina. “Womanistheniggeroff the world”, ele resumiu. “Thinkabout it”. 

Sim, tenho pensado no assunto. Inácio, o meu filho, pode vir a se apaixonar por um homem, tornando-se alvo em potencial dos reaças e enrustidos de plantão. Não o concebi para ele viver com medo, como ocorre às mulheres, escravas entre escravos, segundo a canção de Lennon. Mas para gozar a vida como achar melhor, alma liberta, livre, leve e solto, ou solta, para ser feliz.