Viva o SUS!

Rian Santos

riansantos@jornaldodiase.com.br

 

No auge da pandemia, progressistas de bolsos forrados e durangos de cuca fresca repetiram, uma só voz, unidos pela urgência: Viva oSUS!

Tratava-se, então, de um grito de guerra contra o projeto de poder bolsonarista – um projeto de poder autoritário, amparado em obscurantismos de todas as ordens, incluindo o negacionismo científico.

Hoje, enquanto aguardo o nascimento de meu segundo filho (dedos cruzados por uma menina), reafirmo o pacto civilizatório e grito de novo: Viva o SUS!

Pelo que percebemos, eu e minha companheira, após as primeiras consultas na rede privada, o parto normal é moda restrita aos programas televisivos do canal GNT. Na prática, os médicos obstetras fogem da inconveniência de uma chamada inesperada no meio da noite como o diabo foge da cruz.

Barbara bateu o pé: embora pague os olhos da cara em um plano de saúde, vai parir no SUS. Ao invés de contrair uma dívida enorme, a fim de cobrir as despesas com uma equipe médica mercenária, sob pena de se submeter a bisturis e suturas dolorosas, ela prefere sentir todas as dores do parto, trabalhar em comunhão com a natureza, dar o peito à criança, mulher virada em bicho, o parto de nossa filha será realizado no SUS!

Eu, de minha parte, ateu diletante, com as retinas impressionadas por verdadeiros milagres, penso que Deus sabe o que faz. Preta de pai e mãe, a minha filha já vai nascer militando: firme e forte, vinte dedinhos perfeitos, cheia de saúde, pulmões fortes, uma cria do SUS!