Nazista (Divulgação)
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A república de Nosferatu
Publicado em 22 de janeiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
“E se tudo terminasse em amor?”. A questão posta pelo carioca Pedro Luís, preocupação de quem cultiva esperanças à beira da praia, vem-me à cabeça nos piores momentos, como uma inspiração. À saudação nazista de Elon Musk, por exemplo, eu respondo com um solo de Jimi Hendrix.
Ao contrário dos nazistas da América Grande, bilionários com a tez pálida de Nosferatu, eu morro de amores pelos indesejados. Modesta, a minha biblioteca é povoada por um bando de degenerados. Negros, pederastas, judeus da classe trabalhadora, latinos, viciados, mulheres, feministas. Acolho todos, como um Jesus Cristo indie.
Digo e repito: A mim, pouco me importam as palavras exaustas dos movimentos identitários. Ocorre que o silêncio de alguns nos deixa a todos mais pobres. Calem Machado de Assis e Lima Barreto, dois crioulos ousados, que tomaram para si a dignidade da palavra escrita, na marra, e observem o rombo cavadonas letras de Terra Brasílis. Este seria um buraco sem fundo.
Não se julga um livro pela assinatura do autor na capa, sua ascendência e origem. Também seria estúpido deduzir que a inteligência dahumanidade foi toda preservada em documentos de cultura.Daí as lacunas de sensibilidade em todos os tempos, em todos os cantos, ainda aqui e agora.
Volto à hipótese na canção de Pedro Luís, em tudo avessa ao Velho Testamento dos cristãos mais reacionários. “E se…”. Ante o noticiário, os versos da canção, toda a esperança, soam como um absurdo.