Sexta, 06 De Dezembro De 2024
       
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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E OS DEMOLIDORES DE MÁQUINAS


Publicado em 15 de março de 2015
Por Jornal Do Dia


Em 1779, na Inglaterra, onde começara a Revolução Industrial com a mecanização de atividades antes dependente somente do braço humano ou da força animal, um operário considerado meio idiota destruiu máquinas a vapor que substituíam a mão de obra e causavam desemprego e fome. Chamava-se Ned Ludd. O exemplo individual gerou um movimento coletivo contra as máquinas que ficou conhecido como luddismo. Os luddistas canalizavam a imensa insatisfação das camadas miseráveis das cidades e dos campos promovendo ataques devastadores contra as máquinas. Com o tempo, essas ações se tornaram seletivas, e passaram a fazer parte da estratégia dos primeiros sindicatos. Na ausência de direitos trabalhistas reconhecidos, de contratos de trabalho que garantissem renda digna ao trabalhador obrigado a jornadas superiores a 12 horas, onde crianças eram utilizadas, a resistência conservadora dos patrões só era vencida através da violência, do quebra- quebra de teares, debulhadeiras, guinchos, paralisando assim fábricas e minas. Os patrões, diante dos prejuízos, eram obrigados a aceitar as negociações coletivas, e as conquistas alcançadas amenizaram as degradantes condições de trabalho.
Ned Ludd, o semi-idiota, nunca veio a saber nem a suspeitar, mas a sua primeira cacetada no bastidor de um tear, repetida pelos que adjetivaram o seu nome, os luddistas, começou a criar algo bem parecido com aquilo que Marx viria a identificar como ¨consciência de classe.¨
A Revolução Industrial que transformou o mundo, ao lado da concentração do capital gerou também um proletariado revolucionário que seria depois massacrado na Comuna de Paris, mas, obrigou o capitalismo industrial a aceitar regras democráticas de convivência entre capital e trabalho.
Eric Hobsbawn, historiador que deu consistência à interpretação da história como instrumento para a ação política, observa que o luddismo não elegeu a máquina ou o progresso como inimigos, mas destruiu máquinas para vencer a insensibilidade de patrões exploradores, e deles extrair concessões. E nisso ganharam a simpatia e a adesão de grandes parcelas da sociedade inglesa, capaz de enxergar uma sociedade menos injusta.
Os luddistas têm seguidores na ação inicial do MST, quando se fez necessário por abaixo cercas para desmistificar a intocabilidade de latifúndios socialmente inúteis. Derrubar cercas significou levar a prioridade do social onde só havia a arrogância embolorada do coronelismo individualista.
Houve avanços, mas não será obstruindo estradas e causando tumulto e mortes, ainda que involuntárias, que se poderá seguir à frente sem correr o risco de perder a sustentação estratégica da opinião pública.

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