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A vida selvagem em risco
Publicado em 30 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Abordarei neste artigo, algumas informações relevantes sobre o risco que corremos no momento com a extinção de alguns animais e a perda gradativa da vida selvagem no mundo. Coletei as informações e dados na Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), que neste ano de 2024 celebra o seu primeiro centenário.
Para a WOAH, o bem-estar animal é um assunto complexo e multifacetado com dimensões científicas, éticas, econômicas, culturais, sociais, religiosas e políticas. É um tema que está atraindo interesse crescente da sociedade civil e é uma das prioridades da Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH).
A Organização Mundial de Saúde Animal é a autoridade global em saúde animal, foi fundada em 1924 como Office International des Epizooties (OIE), em maio de 2003 passou a adotar o nome comum World Organisation for Animal Health (WOAH). Ela é uma organização intergovernamental, focada em disseminar informações transparentes sobre doenças animais, melhorando a saúde animal globalmente e, assim, construindo um mundo mais seguro, saudável e sustentável.
Segundo informes recentes da entidade internacional, doenças que já afetam animais domésticos em todo o mundo – incluindo a peste suína africana (PSA) e a gripe aviária de alta patogenecidade (GAAP), que estão colocando a vida selvagem em risco, conforme consta em um novo relatório, representando uma ameaça significativa à biodiversidade e colocando em risco os esforços para erradicar essas doenças.
Essas descobertas constam do mais recente Relatório de Situação de Doenças da Vida Selvagem da Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH), a publicação periódica analisa dados do Sistema Mundial de Informação sobre Saúde Animal (WAHIS), via a plataforma desenvolvida pela WOAH para coletar e compartilhar publicamente dados globais sobre saúde animal.
Consta no relatório que entre janeiro e junho de 2024, 55 países e territórios relataram 3.800 surtos na vida selvagem, com mais de 11.500 casos registrados e 151 espécies de vida selvagem afetadas por oito doenças. Dez por cento dessas espécies estão em risco de extinção, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A IAAP e a PSA – duas das doenças que mais impactam os animais domésticos, também foram responsáveis pela maioria dos surtos notificados: 659 e 2.863, respectivamente.
A IAAP causou a morte e o abate em massa de mais de 557 milhões de aves em todo o mundo entre 2005 e 2023 e, em 2024, foi detectada na região da Antártida pela primeira vez.
Várias doenças animais ameaçam a vida selvagem, mas a HPAI provou ser particularmente perigosa para animais em risco de extinção. Na verdade, ela afetou 13 das 15 espécies em risco mencionadas no relatório, com casos particularmente alarmantes relatados em Taipei Chinês, onde cinco colhereiros de cara preta, cuja população é estimada em 2.200 animais adultos, morreram. Outros casos notáveis incluem um caso em um falcão-saker na Hungria (população estimada entre 12.200 e 29.800) e casos de 12 pinguins-burros na África do Sul (com uma população estimada de 41.700, existindo apenas no sul da África).
O relatório também aponta que embora a HPAI geralmente afete aves domésticas e selvagens, ela também foi encontrada em várias espécies de mamíferos selvagens, levantando preocupações sobre sua crescente capacidade de se espalhar entre espécies e seu potencial zoonótico. Especialistas têm monitorado isso de perto ao longo dos anos. Até o momento, a HPAI afetou apenas ocasionalmente humanos: principalmente pessoas que trabalham ou vivem em contato próximo com animais, com capacidade limitada de transmissão de humano para humano.
Sobre a peste suína africana (PSA) é a doença mais disseminada na vida selvagem, em termos de surtos relatados ao WOAH durante o período, e a segunda mais impactante em animais em risco de extinção (1 das 15 espécies em risco de extinção).
A PSA afeta atualmente milhões de porcos e javalis em todo o mundo. Com seu número significativo de mortes e as medidas de contenção conectadas – incluindo restrições à movimentação e comércio de animais – a PSA representa uma ameaça global à pecuária e à segurança alimentar. Também está se tornando mais difícil de erradicar, uma vez que um ciclo epidemiológico silvestre (baseado na vida selvagem) foi estabelecido em muitas regiões do mundo, observa o relatório.
Nas Filipinas, 24 porcos verrucosos Visayan, uma espécie que sobrevive até hoje em algumas ilhas do arquipélago, morreram devido à PSA. A WOAH alerta que, de uma perspectiva mais ampla, a redução de porcos selvagens pode ser uma questão ecológica não apenas em termos de conservação, mas também por causa de um aumento potencial nas tensões entre os principais predadores, enfrentando acesso restrito a alimentos em seu ambiente natural.
O relatório destaca a interdependência subjacente entre os ecossistemas. Para a entidade internacional, a saúde da vida selvagem está profundamente entrelaçada com a saúde de outros animais, do meio ambiente e até mesmo dos humanos. Ao relatar e monitorar doenças em todo o espectro da saúde animal, protegemos o gado, a segurança alimentar, a biodiversidade e a saúde humana, investindo, em última análise, em um futuro mais saudável e sustentável.
Entendo que este tema precisa ser mais estudado nas escolas, na academia e discutido com a sociedade, na perspectiva de evitarmos mais reduções no tamanho médio das populações de vida selvagem, o que também coloca em risco a vida humana.