Quarta, 04 De Dezembro De 2024
       
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Agentes ficam feridos em nova rebelião do Cenam


Publicado em 20 de setembro de 2013
Por Jornal Do Dia


Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Um novo incidente envolvendo menores infratores resultou em mais uma fuga no Centro de Atendimento ao Menor (Cenam), no bairro Capucho (zona oeste de Aracaju). No final da madrugada de ontem, os internos da Ala 7 conseguiram sair da cela, depois de serrar as grades, e depois de saltar para o pátio, usando lençóis, iniciaram um tumulto. Na ocasião, oito agentes de segurança estavam de plantão perceberam a fuga e tentaram impedi-la. Houve confronto durante cerca de cinco minutos e dois agentes saíram feridos, pois os adolescentes usaram os ferros das grades como armas, além de pedras e até um chuço. Além das escoriações, um servidor teve o braço esquerdo quebrado e o outro sofreu um corte profundo na cabeça.
Ambos foram levados ao Hospital de Urgência de Sergipe e liberados uma hora depois. Sem se identificar, os agentes contaram que acabaram surpreendidos pelos internos ao passar pela Ala 7 e perceber uma movimentação estranha. "A gente ficou dentro da unidade, em prontidão. Quando ocorreu, fomos alertados e fomos até o local do incidente. Eles tinham serrado a grade, não quiseram negociar, pularam para a parte externa das alas e vieram para o combate. Eles vieram com barras de ferro, telhas e outros objetos perfuro-cortantes", disse um dos agentes feridos, ao relatar que os menores estavam dispostos a agredir os servidores, mesmo com os apelos de um deles:
– Pessoal, nos deixe ileso. Vão embora! Vão embora!
– P… nenhuma! Vamos matar! Vamos matar!
Após o confronto, os internos escalaram o telhado do Cenam e dois deles conseguiram escapar por um matagal nos fundos. Os outros dois desistiram de fugir, mas ficaram um tempo no telhado, atirando objetos e provocando os que estavam do lado de fora, até serem recapturados pelos agentes. Soldados do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) foram acionados e ficaram de prontidão em frente à entrada da unidade, mas não precisaram entrar, pois a situação foi logo controlada. Um helicóptero do Grupamento Tático Aéreo (GTA) sobrevoou a região do Cenam, enquanto outras equipes da Polícia Militar faziam buscas em terra pelos fugitivos. Até o fechamento desta edição, eles não foram encontrados.
As circunstâncias da fuga são apuradas em uma sindicância aberta pela Fundação Renascer, mas as primeiras informações apontam que o incidente foi uma represália dos adolescentes a uma revista ocorrida na noite anterior à fuga, quando os agentes, ao vasculharem a ala, apreenderam seis telefones celulares, 500 gramas de maconha e armas artesanais improvisadas. Esta revista é confirmada pela Renascer, cuja nota oficial cita que os celulares e as drogas estavam divididos entre as alas 7 e 8. O texto diz ainda que haviam 13 internos na ala, mas "somente quatro aderiram ao movimento".
Em uma semana, esta é a segunda fuga de internos registrada nas duas principais unidades socioeducativas da Fundação Renascer. No último dia 11, oito menores escaparam da Unidade Socioeducativa de Internação Provisória (Usip), depois de trancarem dois agentes de segurança em uma cela e quebrarem a grade de outra. Dois deles foram recapturados pela Polícia Militar. Neste incidente, os fugitivos também estavam armados com chuços e facas improvisadas com ferros de grades quebradas e revestimentos das janelas das alas, feito com policarbonato. Os funcionários não ficaram feridos, mas foram obrigados a entrar na cela.
As duas fugas acontecem em meio à greve dos agentes de segurança, iniciada no começo de agosto. Hoje, o movimento completa 49 dias e já reduziu o efetivo dos plantões em até 70%, mantendo os 30% previstos em lei. No dia seguinte à fuga na Usip, a desembargadora Rita de Cássia Pinheiro de Oliveira, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (TRT-20), determinou em liminar que o efetivo mínimo em serviço seja de 80% de agentes em serviço, acolhendo recurso impetrado pela Fundação Renascer. Os agentes reclamam dos baixos salários, das más condições de trabalho e da falta de um plano de carreira. Uma reunião entre o governo e os agentes chegou a acontecer na última quarta-feira, com mediação do TRT, mas não houve acordo.

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