O vereador José Edson Marques de Araújo Júnior, o "Júnior de Déda"
Assassinato de vereador pode ter sido por vingança
Publicado em 14 de agosto de 2012
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
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O vereador José Edson Marques de Araújo Júnior, o "Júnior de Déda" (PMN), 42 anos, foi assassinado às 8h de ontem em Japoatã (Baixo São Francisco). O crime aconteceu dentro do Mercado Municipal da cidade, onde o parlamentar mantinha uma banca de venda de carnes. Segundo testemunhas, um homem se passou por cliente e foi até a banca, onde perguntou por Júnior e pediu alguns bifes. Assim que o vereador se virou para cortar a carne, o suposto cliente sacou uma pistola e disparou cinco tiros. Um acertou as costas da vítima e outros dois acertaram o peito. Júnior chegou a ser socorrido pelos outros comerciantes, mas morreu ao dar entrada na Unidade de Saúde Angélica Guimarães.
Os tiros causaram pânico e tumulto dentro do mercado, onde as pessoas correram pensando se tratar de um estouro de fogos de artifício. No meio da confusão, o assassino correu até a rua, onde um homem já o aguardava em uma moto Honda Broz. Os dois conseguiram fugir, mas testemunhas conseguiram descrever as características deles à polícia: um homem baixo e moreno, seguido por um loiro de estatura mediana. A Polícia Militar de Japoatã iniciou as buscas pela dupla no local e, em menos de uma hora, foi reforçada por soldados do 2º Batalhão (2º BPM) e do Grupo de Ações Táticas do Interior (Gati), enviados respectivamente de Propriá e de Aracaju.
No final da manhã, durante as buscas, a PM prendeu dois homens que estavam perto do Mercado em uma moto parecida com a Broz vista no local durante o crime, e que estava com a numeração do chassi raspada. Na casa de um dos homens, foram apreendidas uma espingarda calibre 28, munições de escopeta calibre 12, um canivete e três facas. Os suspeitos foram levados para a Delegacia de Japoatã, onde foram interrogados. No entanto, a participação deles na morte de Júnior não foi comprovada. O delegado local Tiago Lustosa de Araújo liberou os suspeitos, mas os autuou em flagrante pelo porte das armas e da moto com chassi raspado. Ambos responderão ao processo judicial em liberdade.
De acordo com o sargento Reinaldo, do Destacamento da PM em Japoatã, o autor do homicídio não era uma pessoa conhecida na cidade e saiu correndo do mercado assim que atirou, "numa carreira que nem bala pegava" (sic). Ele também acredita que o crime pode ter sido encomendado, pois nada foi roubado do vereador e nem da banca. "Ele não levou nada, veio pra matar. Perguntou o nome do vereador e atirou", disse, informando ainda que Júnior já se envolveu em rixas e discussões na cidade.
A hipótese de crime de mando também é considerada pela Polícia Civil, cuja Delegacia local investiga o assassinato com o apoio de uma equipe da Coordenadoria de Polícia do Interior (Copci), especializada em homicídios. A hipótese de que o crime tenha motivações políticas não é considerada, mas também não descartada. "A gente ainda não pode descartar nenhuma hipótese, mas em princípio, pode ter havido uma questão de cunho pessoal nesse homicídio. Todas as linhas serão apuradas para que depois possamos falar com certeza", afirma Tiago, sem revelar nomes de suspeitos.
Entre as rixas pessoais atribuídas a "Júnior de Déda", estariam algumas relacionadas a seus negócios como marchante e outras causadas por discussões de rua. Em 2009, ele chegou a ser preso em flagrante por ter espancado uma mulher em Propriá, usando até o cabo de um revólver. No entanto, familiares do vereador suspeitam de um ex-presidiário que estava detido no Mato Grosso e foi casado com uma de suas filhas. O ex-genro teria se separado dela depois de constantes brigas com Júnior, o qual era contra o relacionamento da filha. O suspeito não foi encontrado.
Casado e pai de cinco filhos, o comerciante estava em seu segundo mandato como vereador e era candidato à reeleição pelo PMN. O corpo de Edson Júnior deve ser enterrado hoje à tarde, após o velório que acontece desde a noite de ontem na Câmara Municipal de Japoatã.