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CRÔNICAS DE CARLOS TADEU


Publicado em 27 de maio de 2025
Por Jornal Do Dia Se


* Carlos Morais Vila-Nova

 

O artigo “pseudônimo Carlos Tadeu”, recém-publicado neste Jornal, foi gratificante por ter despertado a atenção de alguns leitores, principalmente, daqueles que tiveram a oportunidade de conhecer o citado jornalista.
A boa recepção ocasionou a reprodução da matéria em periódico local e rendeu uma entrevista na FM Mar Azul, chegando a provocar algumas divergências quanto ao local de nascimento. Porém, trago o dado biográfico certo, pela informação do irmão José Luís Reis, confirmando que Carlos Tadeu, nome de batismo Daniel Fernandes Reis, nasceu em Lagarto/SE, data de 03 de maio de 1935, apesar dos pais morarem à época na vizinha cidade de Riachão do Dantas/SE.
Deveras, ele foi um escritor com significativa importância, face às práticas humanísticas, de incentivo à educação e pelos exponenciais registros que fez de Estância e de seu povo. Dentre as obras cultivadas por Tadeu estão os volumes I, II, III de Crônicas da Vida; e, mais dois outros livros com os títulos bem sugestivos de “a Vida tem muitos lances” e a “Vida é um tremendo mistério”.
Passados vários anos, há pouco tempo reli as historietas do Crônicas da Vida III, editado em 1995, constituído em maior parte por entrevistas, via caderno de perguntas e respostas, que o autor utilizava para indagar as pessoas em sua casa, na biblioteca Monsenhor Silveira e por vezes nas praças. As inquirições são interessantes e trazem inspirações de pessoas simples, face às perguntas sutis do entrevistador, que fazia com que o entrevistado abrisse o seu coração, contando as suas mágoas, caso houvesse, para ser aconselhado e até consolado na própria entrevista.
O livro possui quase duzentas historietas; sendo formado em boa parte por entrevistas com pessoas conhecidas, daqui de Estância, cujos registros foram colhidos em épocas da adolescência ou juventude. Outras crônicas são referentes a notáveis escritores, jornalistas, comerciantes e políticos, cujas passagens foram prodigiosas nas terras estancianas; além do mais, sobre personagens reais com menos notoriedade, que já faleceram.
Assim, conclui-se que traço mais marcante dos escritos está no inquirimento de gente do dia a dia, no qual busca o autor ser partícipe na vida dos entrevistados, opinando e aconselhando.
Foi uma leitura prodigiosa dessas pequenas crônicas, que buscam a profundeza do humano e as suas razões, diferenciando-se, portanto, da visão superficial predominante. As historietas de Tadeu não vão aos fatos como centro dos escritos, ao invés disso, ele busca extrair as ideias e sentimentos das pessoas como fontes de pesquisa principal.
Implicitamente o livro corrobora com o entendimento de que nenhum ser vem à vida em vão. O que o deixa imperceptível e sem importância talvez seja a sutileza do propósito. Sobre essa obscuridade, o autor sempre esteve motivado em buscar. Afinal, qualquer um, àquele mais desprovido ou disparatado, pode nos dizer algo de bastante significado.
A inafastável solidão humana ocorre pela carga de pensamentos e vivências, que ninguém, além de cada um, pode saber totalmente. Dessa forma, as conversas registradas por Tadeu procuram extrair do âmago pessoal, considerando que a superficialidade vista é muito vaga e as embalagens, muitas vezes, não explicam os reais conteúdos.
Interessante também a inquietação do autor transmitida pelos títulos dos outros dois livros, explorando temas sobre a vida com muitos lances e como um tremendo mistério.
Sem dúvidas, nenhum homem nesses milhares de anos desvendou totalmente os mistérios da vida. Para as infinitas perguntas, cabe até certo tom de humor, quando o autor registra na página 186/187 do livro, sobre as suas meditações quanto as obras Divinas, com tantas maravilhas na natureza! Dizia ele: “as abelhas são uma maravilha, insignificantes na aparência, mas capazes de produzir o melhor alimento da terra. […]
Nessa linha, eu questionava a Deus, por amor de Deus, porque criara os ratinhos e também as catendes domésticas? Natureza, oh mãe natureza! A contemplação a um dia de sol, ao mar e a uma noite enluarada é um ponto de destaque nas obras. Logo, apesar dos empecilhos e problemas, parece sensato que esse direito de contemplar o esplendor desse nosso habitat, todos os dias, já justifica e viabiliza cada vida.
Nesses tempos acelerados e de pouca reflexão, os livros de Carlos Tadeu devem ser notados, de acordo com o grande amigo do autor, Jose Carlos de Oliveira, economista com relevantes serviços prestados, que escreveu na orelha do livro Crônicas da Vida III: ” Esse é o tipo do livro que, como vinho, tem de ser degustado com calma e carinho. Seguramente propiciará sempre um grande prazer ao leitor. Especialmente àquele que, como o sujeito do livro, gosta de gente, da vida, do amor, da esperança e de Deus”.

 

* Carlos Morais Vila-Nova, advogado de Estância, bancário aposentado

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