Diplomas e aplausos merecidos(Foto: André Seiti/Itaú Cultural)
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Doutor, sim senhor!
Publicado em 24 de fevereiro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Véio é pop. Nascido e criado nas lonjuras do interior profundo, o artista visual sergipano de maior prestígio no cenário mundial já não é reconhecido apenas por gente de nariz empinado. Além dos intelectuais mais cabeçudos, a fauna metida a besta das vernissage, Cícero Alves dos Santos – o nome na certidão de nascimento do artista – batiza uma galeria, é procurado para dar entrevistas, tem a obra examinada em teses acadêmicas, estampa blusinhas com o seu trabalho.
Não admira que, sendo o artista assim tão popular, as esculturas em madeira de Véio comecem a ser expostas em espaços inesperados. A exposição mais recente esteve em cartaz no restaurante Seu Sergipe, com curadoria de Julia Katiane – uma orgia, uma delícia para todos os sentidos.
Cá entre nós, o jornalista que aqui vos escreve costuma evitar o substantivo reverente que batiza este artigo, tão maltratado pelas colunas sociais. Boa parte dos ícones proclamados pela imprensa Serigy é como santos de pau oco, jamais fizeram um milagre. Véio, ao contrário, venceu a brutalidade ambiente, um feito e tanto, animou o imaginário de uma aldeia usualmente pouco afeita às voltas da imaginação.
O que dizer de um artista nascido e criado aqui tão perto da gente, íntimo dos caminhos onde Judas perdeu as botas, alçado ao circuito internacional de arte? O salto de Véio é tão impressionante, a ponto de o fazer conhecido e reconhecido entre os próprios sergipanos, um povo francamente ingrato quando se trata de cultivar os valores que brotam em seu próprio cercado.
Com Véio, no entanto, a toada é outra, muito diferente. Prova disso, a Universidade Federal de Sergipe já tem dia e hora marcada para conceder o merecido título de doutor honoris causa ao artista. Este, sim, é digno de todas as mesuras, todos os diplomas, aplausos e cumprimentos. Véio esfrega as frescuras de uma suposta elite intelectual nas fuças de nossa gente.