Emancipação Política era comemorada em duas datas
Publicado em 09 de julho de 2015
Por Jornal Do Dia
Pelo fato da Emancipação Política de Sergipe em 8 de julho de 1820 ter sido bastante conturbada e contestada pelos líderes baianos e pelos senhores de engenho, a memória popular não registrou a data para festejar. Segundo Terezinha Oliva, a primeira comemoração que se tem notícia se deu no dia 24 de outubro de 1836. "Nesta data, a festa cívico-religiosa foi marcada pelo canto do Hino de Sergipe, com letra de Manoel Joaquim de Oliveira Campos e música de Frei José de Santa Cecília. Em 1839 o dia 24 de outubro foi decretado como feriado da Emancipação".
As duas datas permaneceram como feriado até o final da década de 1990: 8 de julho, data da elevação de Sergipe a Capitania Independente; 24 de outubro, data da recuperação da Independência de Sergipe consagrada pelo povo.
No final da década de 1990, a Assembleia Legislativa de Sergipe cancelou o feriado de 24 de outubro, pois a festa popular havia deixado de acontecer. Porém, este dia passou a ser considerado o Dia da Sergipanidade, preservando uma antiga memória ligada à Independência de Sergipe.
Independência política e econômica – Emancipação Política de Sergipe também influenciou a economia local. A partir da independência, de acordo com o economista Ricardo Lacerda, a elite econômica e política local, ainda que relativamente frágil e incipiente, começou a diminuir sua dependência em relação à praça comercial de Salvador.
"A emancipação de Sergipe se deu em um momento muito atribulado da política no reino por conta da revolução liberal do Porto e pelas pressões para o retorno a família real para Portugal. A emancipação de Sergipe responde parcialmente às disputas entre dom João VI e os revolucionários do Porto. As elites locais que propugnavam pela emancipação política, fundamental para o desenvolvimento econômico da província que era subjugada aos interesses da Bahia, procuravam se posicionar entre os dois polos em conflito. Sergipe já contava com certa densidade econômica decorrente da expansão da atividade açucareira no vale do Cotinguiba. Havia um polo com certa densidade econômica e populacional que respaldava a emancipação política", relatou.
Segundo Ricardo Lacerda, a base da economia de Sergipe no momento de sua emancipação política, destacava-se pela atividade açucareira com um grande número de engenhos em funcionamento. "As principais lideranças políticas e econômicas eram vinculadas à atividade açucareira. Mas a pecuária ocupava uma ampla extensão do território sergipano, nas áreas mais interioranas. Em torno da atividade principal, formou-se um complexo econômico distintivo, com o surgimento de casas de exportação e importação, fundamentais para o financiamento da atividade açucareira, e os núcleos urbanos se adensaram e se multiplicaram na zona canavieira. A atividade algodoeira vai se consolidar somente na segunda metade do século XIX, impulsionada pela revolução industrial inglesa e pela oportunidade surgida com o vazio de suprimento de algodão causado pela guerra civil norte-americana", relata Ricardo Lacerda.
Ele conta que no período da emancipação, a atividade industrial era muito restrita, quase inexistente, e até dispositivos legais inibiam ou proíbiam a atividade industrial no país. A principal atividade industrial era a fabricação de açúcar, além de algumas atividades subsidiarias de pequena monta.
"Nosso processo de independência comprova o caráter empreendedor e desenvolvimentista do povo sergipano. Lutamos para nos tornar independente de umas capitanias mais promissoras da época, a Bahia, e hoje continuamos ousados. Somos pouco mais de dois milhões de sergipanos no menor estado do país e temos o melhor PIB do Nordeste, com índices sociais e econômicos crescentes: a melhor taxa de geração de emprego da região, somos o estado nordestino que mais atrai empresas, nos consolidamos no cenário econômico com uma matriz energética diversificada. A ousadia continua. O 8 de julho é um dia de autoafirmação, de festa, de identificação com nossa história. Parabéns a todos os sergipanos", declarou o governador Jackson Barreto.