Entre os muros da cadeia
Publicado em 29 de fevereiro de 2020
Por Jornal Do Dia
As unidades do sistema prisional em Sergipe mais pareciam a casa da Mãe Joana. As fugas frequentes patenteavam a falência das políticas públicas de segurança. Situação como a de hoje, quando o governo do estado comemora três anos sem evasão, pareciam um feito impossível de alcançar.
Segundo os gestores competentes, o resultado positivo é fruto de investimento em qualificação profissional e equipamentos. Neste particular, admite-se, os recursos foram bem pesados e efetivamente empregados. Melhor não dar sorte para o azar.
Fala-se aqui em um total de R$ 4,9 milhões destinados ao sistema de circuito fechado de câmeras e de R$ 2,8 milhões em equipamentos de bodyscan, usados na revista dos visitantes recebidos pelos internos. Com o mesmo fim, de garantir a segurança devida à população, também foram adquiridos coletes, armas, munições não letais e letais.
Convém mencionar, entretanto, que a vigilância indispensável ao funcionamento regular das unidades prisionais é apenas a ponta do iceberg. Em verdade, ainda há muito a fazer. Num sistema carcerário falido, onde falta até espaço, as garantias constitucionais devidas aos custodiados não passam de sonho distante. E a falta de humanidade imposta aos custodiados – uma maioria de presos provisórios, encarcerados sem qualquer julgamento – reverbera no País inteiro, muito além do quadrado e da população confinada pelos muros da cadeia.