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ESTADO TEM 100 VAGAS OCIOSAS PARA MÉDICOS
Publicado em 19 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia
Kátia Azevedo
katiaazevedo@jornaldodiase.com.br
Sobram médicos, mas faltam atrativos financeiros e estruturais. É assim que o Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) resume o problema de escala de ortopedistas na rede pública de Sergipe.
De acordo com o sindicato, Sergipe possui cerca de 1800 médicos na rede pública de saúde. Dos cerca de 300 médicos que estão nas unidades geridas pela administração municipal de Aracaju, 60 abandonaram o cargo alegando falta de condições de trabalho e salários baixos. Em todo o Estado, já são 100 vagas ociosas pelos mesmos motivos. Os números do Sindimed apontam o desinteresse do poder público como a causa principal do problema.
"Existem médicos, mas as vagas sobram pelo fato de não haver uma política de valorização do profissional da saúde pública. O resultado é o abandono e o caos na assistência à população. Com a ortopedia não é diferente. Isso reflete no cumprimento das escalas e na assistência á população", destaca João Augusto Oliveira, presidente do Sindimed.
Em janeiro deste ano, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou levantamento com resultados semelhantes ao do sindicato, revelando que Sergipe apresenta o maior índice de médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país.
Segundo relatório, no estado a média é de 4,2 médicos por cada mil habitantes, enquanto no Brasil, esta média é de 3,1 profissionais. Além do Ipea, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também divulgou dados sobre a quantidade de médicos. Os números foram apresentados em dezembro do ano passado, dando conta de que em Sergipe, o índice é de 1, 95 médicos para um grupo de um mil habitantes. As duas pesquisas apontam números de médicos satisfatórios, já que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um médico para cada mil habitantes.
Mesmo com números favoráveis, a oferta de atendimento de algumas especialidades como ortopedia é uma das grandes preocupações. Hoje a espera por um ortopedista dura três meses na rede publica de saúde em Sergipe. Segundo dados oficiais do governo federal, a ortopedia e a oftalmologia são as especialidades em que há maior fila de espera.
Para João Augusto, o cumprimento de escalas dos profissionais, alvo de uma ação judicial do Ministério Público Estadual, reflete problemas estruturais na conjuntura da crise enfrentada pela saúde pública. "A falta de valorização dos médicos tanto na rede pública quanto pelos convênios é algo a se pensar. No hospital privado, o médico ganha pouco, mas ainda tem remédio para fazer atendimento ao paciente. Na rede pública, não tem nenhuma coisa e nem outra", disse.
Ele lembra que a participação da sociedade é a única maneira de tentar resolver o caos na saúde e destacou que o Dia do Médico, comemorado ontem, é uma forma da população refletir a data considerando a importância do profissional no atual cenário de desafios para exercício da medicina.