Gosto de corda e de forca(Divulgação)
**PUBLICIDADE
Estranho fruto
Publicado em 28 de janeiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
.
Agnóstico, reconheço a imensa responsabilidade de quem, investido da autoridade conferida por uma vida inteira dedicada aos mistérios da fé, sobe ao púlpito e fala em nome do Divino.
Uns berram, outros se pronunciam em tom manso, como um santo, um cordeiro. E concorrem, com o poder da palavra, para fazer do mundo um ambiente mais ou menos acolhedor – para além dos dogmas próprios de cada religião e das certezas no coração de cada um.
Uma bispa teve a oportunidade de mandar um recado repleto de humanidade para o diabo em pessoa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mariann Edgar Buppe, protestante episcopal, lembrou ao todo poderoso recém entronado no topo do mundo da enorme diversidade observada entre os pobres mortais, homens de carne e osso. As pessoas estão com medo, a religiosa observou, antes de pedir misericórdia. Entrou por um ouvido, saiu pelo outro.
A agenda xenófoba com a qual Donald Trump se elegeu segue rumo ao obscurantismo, a todo vapor. Num voo com 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos, os relatos de abusos e violências evocam crimes de guerra.
“Homem é homem, mulher é mulher”, eu ouvi recentemente de uma senhora muito religiosa, feliz da vida com a campanha reacionária promovida sob as barbas do Tio Sam. Sentada à mesma mesa, uma grande amiga sentiu gosto de corda e de forca. Nos planos nada cristãos dessa gente, ela pode acabar pendurada pelo pescoço, como o estranho fruto da canção, apenas por ser quem é.