A juíza também conversou com as detentas
Grupo de Monitoramento do Sistema Carcerário faz inspeção no Presídio Feminino
Publicado em 22 de outubro de 2014
Por Jornal Do Dia
A juíza que preside o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça de Sergipe (GMF), Elbe Carvalho, realizou na sexta, 17/10, uma inspeção no Presídio Feminino de Sergipe, localizado em Nossa Senhora do Socorro. O local tem capacidade para 175 detentas, mas atualmente está com uma lotação de 244 mulheres. A inspeção faz parte dos trabalhos do GMF, que tem como objetivos fazer um diagnóstico da situação prisional em Sergipe, apresentar soluções para os problemas e integrar os diversos órgãos do sistema carcerário.
"Servimos de elo entre os juízes e os órgãos externos, a exemplo da Secretaria de Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública. Estamos fazendo várias reuniões para que consigamos soluções para o sistema prisional. Com o Mutirão Carcerário em andamento, aproveitamos para visitar as unidades e ter esse contato direto com os detentos, para ouvir queixas, saber como são tratados e coletar informações sobre o andamento dos processos que, às vezes, ficam um tempo paralisados por vários fatores que não dependem exclusivamente do Judiciário", explicou a juíza Elbe Carvalho, lembrando que o Mutirão terminará no dia 30 de novembro e até lá outras unidades serão visitadas.
A diretora do Presídio, Valéria Farias, informou à juíza que várias atividades são desenvolvidas no local, a exemplo do curso de biscuit, manicura, bolsas e aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). "Elas ganham a remissão e nós conseguimos manter tudo em ordem. Ou seja, é bom para todos. Se hoje o presídio é organizado é porque elas também contribuem muito para higiene e limpeza", comentou Valéria, lembrando que desde que foi inaugurado, há cerca de três anos, nunca houve fuga no Presídio Feminino. Este ano, 33 detentas farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Sobre a visita do GMF, a diretora considerou bastante positiva. "Quando o sistema carcerário é visto pelo
Judiciário é algo importante para as internas porque elas sentem que estão sendo atendidas pela Justiça. Também vemos o resultado quando há um número grande de alvarás após esse tipo de atendimento. O juiz Hélio Mesquita, da Vara de Execuções Criminais, também sempre vem aqui e eu acho isso fundamental para elas", analisou Valéria Farias.
Durante a visita, a juíza esteve em todas as instalações, a exemplo da cozinha e berçário, e também conversou com inúmeras detentas, que falaram sobre seus processos e receberam algumas explicações. "Nós estamos à margem da sociedade. Mas se uma Juíza vem aqui, a gente se sente ser humano, o que nos ajuda a levantar a cabeça e seguir em frente", comentou M.S.M., presa há quatro anos.
Ela é uma das que participa dos cursos de artesanato e de corte e costura. "O curso renova a esperança, porque saímos daqui com uma profissão, e também ocupa nosso tempo. Antes eu só fazia pensando na remissão, mas agora eu costuro por amor", completou. A professora do curso de corte e costura, Rosa Costa, disse que sente orgulho das alunas. "Elas aprendem rápido e estão sempre disponíveis. Vejo meu trabalho aqui como uma chance única de trazer um pouco de conhecimento para elas para que possam, lá fora, começar algo novo", enfatizou Rosa.