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MAZZAROPI


Publicado em 10 de setembro de 2013
Por Jornal Do Dia


O JECA VIVIDO POR MAZZAROPI É UM CAIPIRA SIMPLÓRIO, MAS SEMPRE BEM-SUCEDIDO

Amácio Mazzaropi nasceu em São Paulo, em 9 de abril de 1912. Aos 16 anos ,foge de casa para ser assistente do faquir Ferri. Em 1940 monta o Circo-Teatro Mazzaropi e cria a Companhia Teatro de Emergência. Em 1948 vai para a Rádio Tupi, onde estreia o programa "Rancho Alegre". Em 1950, inaugura a televisão no Brasil e para lá leva o seus programa, com grande sucesso.

Abílio Pereira de Almeida, então produtor e diretor da Vera Cruz, precisa de um tipo diferente e curioso, para estrelar uma comédia. Quando vê Mazzaropi na televisão, não hesita em contratá-lo para atuar em "Sai da Frente" (1952). O sucesso popular é tanto que Mazzaropi acaba se dedicando praticamente ao cinema.

Participa de oito filmes como ator contratado e, em 1958, funda a Pam Filmes, Produções Amácio Mazzaropi. A partir daí, passa a produzir e dirigir seus filmes, sendo sua primeira produção, "Chofer de Praça", em que ele emprega todas as suas economias. Com o filme pronto, falta dinheiro para fazer as cópias. E o que é que ele faz? Simplesmente pega o seu carro e sai pelo interior a fora, fazendo shows até conseguir a quantia necessária. Resultado: o filme estreia e faz muito sucesso.

Sem ter a menor semelhança com aqueles lustrosos e pré-fabricados heróis do cinema americano, muito menos com os desgraciosos comediantes made In Hollywood, o nosso desengonçado caipira, o feio Mazzaropi, consegue chegar ao topo do sucesso. Prova disso? A bela mansão em que ele, solteirão convicto, morou com sua mãe e os rapazes bonitões que sempre estiveram do seu lado, de olho na sua sólida posição financeira ou visando uma ponta nos seus filmes.

Pelo menos uma virtude, já que o seu talento sempre foi escasso, não se pode negar a Mazzaropi: ele nunca se empenhou em imitar quem quer que fosse, preferindo vestir a roupagem e assumir os hábitos de um caipira, personagem bem brasileiro, vivendo sempre situações domésticas. Ao que se saiba, o artista jamais se preocupou em reproduzir aqui as coisa espetaculares feitas lá fora. De arte, Mazzaropi pouco entendia. De satisfazer o seu público, bastante numeroso, ele entendia o suficiente para mensurar com boa antecipação os resultados que um determinado filme teria, em termos de bilheteria.

No início dos anos 1970. Mazzaropi constrói novos estúdios em um hotel, em Taubaté. Morre em 13 de junho de 1981, aos 69 anos, vítima de câncer na medula. Logo após sua morte, o império que havia construído praticamente sozinho, é dilacerado pelos herdeiros de última hora, com todos os seus bens indo a leilão, inclusive os filmes. O hotel-fazenda onde está o seu estúdio, vira o Museu do Homem Caipira, com acervos seus e de Monteiro Lobato. O hotel ainda funciona.

Mazzaropi é sinônimo de sucesso e respeitado por todos, inclusive alguns críticos que não gostam de seus filmes, mas se rendem ao seu potencial de comediante nato. Ele construíu um estilo que será sempre imitado, mas jamais superado. Como disse Paulo Emílio Salles Gomes, "O melhor dos filmes de Mazzaropi é ele mesmo".

O artista participou de 28 filmes, valendo destacar: "Sai da Frente" (1952), "Nadando em Dinheiro" (1953), "Candinho" (1955), "A Carrocinha" (1955) "O Gato da Madame" (1956), "Chofer de Praça" (1958), "Tristeza do Jeca" (1961), "Casinha Pequenina" (1963), "O Corintiano" (1966), "O Grande Xerife" (1971), "A Banda das Velhas Virgens" (1979), e "Jeca e a Égua Milagrosa" (1980).
 (Resumo do Capítulo 26 do meu livro inédito "101 Ícones do Cinema que Nunca Sairão de Cena").

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