Sexta, 14 De Fevereiro De 2025
       
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Motorista se apresenta, mas fica em silêncio


Publicado em 18 de junho de 2013
Por Jornal Do Dia


Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

O gerente bancário Ruy Pithon Neto, 26 anos, motorista de um dos carros envolvidos no acidente que matou três jovens na Rodovia José Sarney, na Aruana (zona de expansão), em 9 de junho, se apresentou ontem à tarde na Delegacia Especial de Delitos de Trânsito (DEDT). Ele chegou à sede da Delegacia por volta das 15h, acompanhado pelo advogado Evânio Moura, e permaneceu no local por cerca de meia hora. Ruy, condutor da Mitsubishi Pajero que bateu no Ford Fiesta ocupado pelas vítimas, invocou o direito legal de permanecer calado e não depôs, alegando "falta de condições emocionais e psicológicas".
"Na verdade, ele ainda está sob efeito de medicação e nós o orientamos que ele, por hora, não respondesse o interrogatório, exercesse o direito ao silêncio. Ele vai apresentar a versão dele no momento oportuno", argumentou Evânio. O delegado Paulo Ferreira, responsável pela investigação, disse que o direito ao silêncio é previsto na Constituição e que, mesmo assim, irá continuar com o andamento do inquérito, devendo concluí-lo nos próximos 15 dias. Para hoje, estão previstos os depoimentos dos bombeiros que atenderam à ocorrência e dos pais do advogado Samuel Notre Dame Batista de Medeiros, 25, um dos mortos no acidente.

Antes de se apresentar, o gerente permaneceu internado por cinco dias no Hospital Cirurgia, recuperando-se de uma cirurgia no ombro. Ainda com o curativo, ele chegou à DEDT aparentando tranqüilidade, mas se irritou ao ver que seria fotografado e chegou a colocar a mão na câmera de uma repórter. A situação foi logo contornada e Ruy passou rapidamente pelo corredor onde estavam os jornalistas.

O advogado Evânio Moura afirmou que ainda é cedo para definir uma estratégia de defesa para seu cliente, pois aguarda a conclusão do trabalho da polícia e da perícia técnica. "Eu assumi a causa apenas nesta sexta-feira. Eu ainda estou me inteirando de todas as provas, dos depoimentos que já foram colhidos, dos laudos que já foram confeccionados… então, ainda é prematuro dizer que já temos uma versão. Estamos estudando para fazer uma defesa responsável, com base nas provas dos autos. Preciso esperar alguns resultados. É fundamental a prova pericial no local, a perícia nos próprios veículos, o boletim de Registro de Acidente de Trânsito… uma série de provas que estão sendo produzidas", disse, lamentando que o acidente não teve testemunhas oculares.

Uma das perícias deve ser realizada hoje pelo Instituto de Criminalística na Pajero dirigida pelo bancário e no Fiesta onde estavam as vítimas. Além de Samuel, morreram os estudantes universitários Felipe Brito de Lemos, 23, e Klaudia Monique Cardoso Smith, 21. A motorista do Fiesta, Viviane Machado Pascoalico, 22, sobreviveu ao acidente e prestou depoimento na semana passada, alegando que retornava do Mosqueiro para a Atalaia com os três amigos, quando foi surpreendida e atingida de frente pelo outro carro. A jovem disse à polícia que não bebeu antes de dirigir e que estava na mão correta, dentro da velocidade permitida.

A polícia buscava saber ainda sobre a possibilidade de ter sido feito um exame de sangue para detectar se Ruy Pithon ingeriu ou não bebida alcoólica antes de dirigir. Na semana passada, o delegado enviou um ofício ao Hospital Cirurgia para questionar a existência deste exame. Segundo Ferreira, a resposta já foi dada em outro ofício: a direção do Cirurgia confirmou que o exame foi realizado no gerente, mas se negou a divulgar o resultado, alegando que, caso faça isso, irá descumprir o artigo 86 do Código de Ética Médica e o 154 do Código Penal. A polícia estuda outra forma de ação para descobrir se houve ou não embriaguez ao volante.

As famílias das três vítimas fatais organizaram na semana passada uma manifestação na sede do Ministério Público Estadual (MPE), no bairro Capucho (zona oeste), onde pediram o apoio do órgão para garantir rigor, independência e transparência nas investigações do acidente. O órgão vai aguardar a conclusão do inquérito para definir o promotor responsável pelo caso na Justiça.

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