O Brasil de fato

Confirmada a tendência apontada pelas pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff deverá ser eleita hoje para um novo mandato de quatro anos, período durante o qual terá a responsabilidade gigantesca de conduzir os destinos da Nação. Não terá sido sem baixas. Este talvez tenha sido o processo eleitoral mais conturbado experimentado até agora pela ainda jovem democracia brasileira. O embate foi acirrado, para dizer o mínimo, mas além das zonas de conforto derivadas das bolhas criadas pela polarização do debate entre os dois partidos que disputam este segundo turno, está o Brasil de fato, novas e antigas urgências reclamando soluções.

Seja qual for o projeto de governo consagrado pela maioria nas urnas, é preciso ter cuidado com a outra banda dos eleitores. A democracia não consiste numa espécie de cheque em branco, sob o domínio dos vitoriosos. Quem pode mais, por força do cargo de que será investido, terá de ter atenção e cuidado no diálogo com quem pode menos no jogo político.

Ao menos, uma vitória é certa. De um jeito ou de outro, o eleitor deixou claro o que espera do futuro presidente. Respeitada a vontade do povo, a manutenção e ampliação de programas sociais e mecanismos que garantam a redução das desigualdades podem ser tomados como fatos consumados. Este é o horizonte a ser perseguido, como se comprometeram os dois candidatos, independente das cores na bandeira de seus partidos políticos.

Melhor assim. O embate foi duro, mas um governo democrático não poderá jamais se converter em instrumento de opressão. Apesar dos excessos cometidos de parte a parte, foi uma guerra de ideias. Não há espólio para ser resgatado. As minorias também precisam ser governadas.