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O ESTADO BURRO, A CAIXA DE SOM E O ÍNDIO OLHANDO O ESPELHO
Publicado em 24 de dezembro de 2017
Por Jornal Do Dia
Corrupção e burrice se entrelaçam, e dessa coabitação pecaminosa nasce a desastrosa imagem do círculo vicioso do atraso, fantasma que nos persegue, gerando a frustração das ¨décadas perdidas ¨. Círculo vicioso foi expressão usada pelo economista sueco Gunnar Myrdal , que no final dos anos 50 abordou com muita pertinência o subdesenvolvimento e suas causas.
Esse entrelaçamento pernicioso não é a patologia de um só governo, ela vem historicamente, contaminando a todos, alguns, conseguiram reduzi-la , e quando o fizeram, o círculo vicioso girou em velocidade menor. É nessas intercorrências do mal que conseguimos avançar.
A corrupção pública é filha dileta da burrice estatal.
Burrice estatal é o conjunto de anomalias toleradas , até exaltadas como exemplos de eficiência administrativa. A burrice começa com o agigantamento da engrenagem burocrática que se faz propositalmente complexa, movida por um emaranhado labiríntico de leis, que só a uns poucos iluminados é facultado penetrar. Dai, surgem as pompas, as liturgias que envolvem o favorecimento e o patrimonialismo nos templos tantas vezes suntuosos, onde a deusa vaidade é cultuada com espasmos de idolatria. E isso custa caro, atravanca , emperra. Quais são esses templos? A resposta é óbvia: os nossos três poderes.
Longe daqui qualquer vestígio de condenação do aparato de governo tal como o concebemos, de Direito, e Democrático. Bem distante daquela esparrela do neoliberalismo que propõe trocar o Estado pela plutocracia das grandes corporações, iludindo aos incautos com a farsa da liberdade plena para o individuo, sem os limites indispensáveis em relação ao interesse público. Nada dessas visões conflitantes entre Estado mínimo e Estado agigantado, apenas, a constatação de que Estado ineficiente, como é no caso o brasileiro, torna-se a causa maior de todas as nossas desditas.
Um Estado eficaz é aquele que tem capacidade de inovar, de estimular a criatividade, de fazer da educação um instrumento atrelado aos objetivos do país;
que constrói projetos para o futuro. Um Estado competente tem de ser indutor do desenvolvimento e criador de estímulos para que o empreendedorismo se atrele à inovação.
O Brasil há muito tempo não sabe mais o que é planejamento. Aqui, apenas se improvisa, amontoam-se funções, dispersam-se energias tempo e dinheiro, enquanto as corporações controlam seus espaços e dão-se por bem satisfeitas com o imobilismo. Nem cogitam de mudar, naquela lógica rasteira de que mexer no que está quieto pode despertar ânsias e demandas imprevisíveis.
Aqui, as Universidades na sua maioria ainda não se libertaram daqueles tempos de borlas e capelos, esquecidas do papel fundamental que deveriam desempenhar nos campos da ciência e da tecnologia.
Quantas patentes o Brasil consegue registrar a cada ano Qual efetivamente a nossa produção científica? Mesmo que se dê o nome de ¨trabalhos científicos¨ às teses de doutorado ou dissertações de mestrado, que apenas revelam o analfabetismo funcional assumindo ares de sapiência, o que se produz raramente ultrapassa o nível da irrelevância.
Grande parte do saber acadêmico está recluso numa carapaça ideológica que o mantem isolado do mundo real, por isso avultam as discussões estéreis , sem resultados práticos.
O Brasil tem há mais de 50 anos uma indústria automobilística, mas na verdade nunca conseguimos produzir com sucesso um só veículo efetivamente brasileiro. Todos os países que têm indústria automobilística, fabricam modelos resultantes da sua própria tecnologia. O Brasil é o único que até hoje não conseguiu fazer isso.
Nos tempos em que éramos uma grande fazenda produzindo café, cacau, açúcar, nos contentávamos a exportar e pouco manufaturar. Resultado, países que nunca viram um pé de café ou de cacau, como a Suissa, a Dinamarca, a Itália, a Bélgica, a Alemanha, sofisticaram a oferta final do café, do cacau, inventando novas formas de apresentá-los ao consumidor, agregaram valor ao que fazem, conquistaram mercados criando hábitos , e inventaram equipamentos que fazem mais atraente o consumo do café e do chocolate. Criaram redes globais de cafeterias, tipo Star Buck . Assim, faturam muitas vezes mais do que todos os exportadores de café e cacau brasileiros, colombianos, e do resto do mundo.
Nos últimos 30 anos o mundo viveu uma gigantesca transformação tecnológica. No Brasil existem hoje mais celulares do que gente. Qual o celular, um único apenas, que tenha sido resultado da tecnologia brasileira, feito com peças brasileiras?
Mas cortam-se verbas para a pesquisa, para a ciência. Laboratórios estão fechando, centros de pesquisas paralisados, programas de intercambio interrompidos.
Os ¨paredões ¨, aquelas parafernálias de som montadas em veículos com as explosivamente estridentes caixas, ou os tão cobiçados sistemas mais sofisticados de som nas casas ricas, mais simples nas casas pobres, breve, serão peças de museu, como já são os telefones fixos. A entrada em cena das mini-caixas, operadas por bluetooth que têm qualidade e potencia superiores aos volumosos aparatos, tornam tudo o que existe em matéria de som, rigorosamente obsoleto.
Qual a efetiva participação da tecnologia brasileira nessa transformação tecnológica no mundo da eletrônica, da cibernética, e em tantos outros setores que engavetam no passado tudo o que até agora conhecemos, inclusive as grandes bibliotecas e livrarias convencionais, que irão desaparecer. Os livros estão sendo rapidamente substituídos por algo como se fosse um tablet, cada um com capacidade para armazenar milhares de grossos volumes. Isso, por enquanto, porque vem por ai para incorporar-se ao nosso cotidiano a nova era da física quântica.
Qual a participação brasileira nesse novo mundo, nessa nova sociedade que já começamos a viver? Nenhuma. E os nossos políticos na sua vergonhosa maioria, os que estão agora no Planalto, o que discutem?
Resposta obvia: Como deter o que chamam de ¨sangria ¨da Lava Jato. E aliás estão conseguindo. Outros, anunciando a paz que conquistaremos dando a cada ¨cidadão ¨ brasileiro uma arma para que se proteja, ou extermine.
500 anos depois que nas praias da Terra Brasílis, os índios contemplavam espantados a ¨mágica¨ de espelhinhos que os europeus lhes davam como presentes para diverti-los e aquieta- los , estamos tão embasbacados como os nossos distantes ancestrais diante das “quinquilharias “ da modernidade que usufruímos, e de cuja “ mágica “ nem temos noção, da mesma forma que os selvagens não se conheciam nos espelhos.
Enquanto isso, por pouco, não fosse a reação imediata da Aeronáutica, teríamos vendido a EMBRAER.
Por aqui, há muito ¨índio¨ esperto, querendo receber de ¨presente¨ os espelhinhos.
O diabo é que esses ¨índios¨ nos comandam.
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vinculada
AS ASAS DA FAB EVITARAM
O DESMONTE DA EMBRAER
Suspeita-se que tenha havido o dedo esperto de um ministro do atual governo nessa anunciada compra da EMBRAER pela Boeing. Houve imediata insatisfação nos comandos militares, mais intensamente na Força Aérea. A EMBRAER é considerada estratégica, diretamente ligada à segurança nacional. Além de aviões militares tem também participação em outros projetos na área da defesa, é a única empresa que nos resta do complexo de industrias bélicas que já foi portentoso e fez do Brasil um exportador de armas, como carros de combate e o lançador de foguetes Astros, utilizado intensamente na guerra Iran – Iraque.
A EMBRAER é a joia da nossa pobre coroa de empresas de alta tecnologia. Criada no governo militar, a empresa, ainda estatal, começou produzindo aviões monomotores de pequeno porte , depois, o bimotor Bandeirante, que enfrentou alguns problemas técnicos, como as turbinas que fundiam quando não se reduzia rápido a potencia após a alta aceleração nas decolagens. Corrigidas as causas, o Bandeirante usado principalmente pela FAB e algumas pequenas empresas de transporte aéreo tornou-se um símbolo de sucesso do renascimento da indústria aeronáutica brasileira, que existiu antes, por iniciativa de particulares, entre eles o milionário e play – boy, Baby Pignatari que produziu centenas de ¨Paulistinhas ¨, os aviões mais utilizados no treinamento básico de pilotos nos Aeroclubes.
A EMBRAER foi privatizada em 94 no governo de Itamar Franco. Foi vendida a investidores brasileiros. Itamar era um politico livre das sequelas da corrupção , precavido, manteve uma pequena participação do governo na empresa através da Golden Share, a ação que assegura ao possuidor o direito de dar a ultima palavra sobre a empresa, como no caso de uma venda a controladores estrangeiros.
A EMBRAER é a única empresa brasileira global de alta tecnologia, e terceira maior fabricante de aviões do mundo. Especializou-se em jatos de médio porte para a aviação comercial, e nesse setor é líder em vendas. Na área militar o Tucano, em duas versões, é um turbo hélice monomotor, usado para ataque ao solo, interceptação aérea e treinamento avançado de pilotos. É utilizado pela FAB e forças áreas de mais de 30 países, inclusive os Estados Unidos. A EMBRAER vai participar em associação com a indústria sueca na fabricação dos caças de última geração, Grippen, adquiridos pelo governo brasileiro.
O mais ambicioso projeto da empresa é o avião de grande porte para uso em operações militares ou civis, transporte de tropas , equipamentos, lançamento de paraquedistas, o jato de duas turbinas KC- 390, já em estágio final de testes. Para este avião único já existem contratos para os próximos dez anos. A FAB encomendou uma frota que vai substituir os quadrimotores, Hércules, com mais de 40 anos em uso.
A entrada da Boeing da forma como se anunciava seria uma espécie de negociata lesa – pátria , porque transferiria para estrangeiros o controle de uma parte vital da estratégia de defesa brasileira e de evolução tecnológica. A EMBRAER foi gestada como assunto de estado maior na Força Aérea, sob inspiração do coronel aviador e engenheiro Osíris Silva, que a dirigiu por mais de 20 anos de notável expansão. A EMBRAER tornou-se uma espécie de plataforma de pesquisa e tecnologia à disposição não só da FAB, mas também da Marinha e do Exército. Avançou em tecnologias aeroespaciais, de guerra eletrônica, em projetos de misseis, satélites, radares de alta performance. A empresa não é apenas uma fabricante de aviões, é muito mais do isso, tem um alto significado, não só como alimentador de uma autoestima nacional, como também na consolidação da imagem externa do Brasil, como um país avançado tecnologicamente, o que, de forma mais ampla, confere um selo de qualidade aos nossos produtos de exportação Industrializados.
A Boeing não é uma empresa qualquer, e tanto ela como os controladores da EMBRAER sabem que o governo teria a ultima palavra sobre a venda. Se executivos da Boeing e da EMBRAER iniciaram negociações, é porque receberam sinal verde para fazê-las vindo de autoridades do governo. A Boeing, maior empresa aeronáutica do mundo mantem relações diretas e preferenciais com o Pentágono e a Casa Branca. Seria ingenuidade imaginar que o foco na EMBRAER seria apenas isoladamente da Boeing e não estivesse atrelado a uma politica de Estado, entre tantas outras nada ortodoxas postas em marcha por Donald Trump, que não se cansa de repetir: “America First ¨.
Transferir o controle da EMBRAER para a Boeing seria um ato de rendição submissa aos interesses hegemônicos de uma potencia, com a qual poderemos fazer bons negócios, desde que não envolvam os objetivos estratégicos do Brasil, que são modestos, exatamente porque não temos umas 30 empresas como a EMBRAER, sob nosso exclusivo controle.
Corre em Brasília a versão de que executivos da Boeing circularam pelas residências do Poder. Não estiveram no Jaburu à meia noite, mas foram recebidos em moradas de ministros. Suspeita-se que Moreira Franco seria um deles. Os setores de informação da FAB teriam acompanhado sob suspeitas essas movimentações.
Debaixo dos aplausos da maior parte da grande mídia, com o aval pleno do mercado financeiro, que não tem pátria, imaginaram que o negócio seria fechado tranquilamente, como fizeram com as petroleiras estrangeiras dando-lhes escandalosas isenções tributárias, que, em qualquer parte do mundo não selvagem, teriam sido objeto de investigações. No caso da Boeing pensaram que não se repetiria a onda do ¨nacionalismo pernicioso ¨ quando tentaram, daquela vez sob inspiração de Romero Jucá, entregar uma parte da Amazônia para a depredação espoliadora das mineradoras daqui, e do mundo afora.
Mas ai vieram as ¨asas da FAB¨, com o aval da Marinha e do Exército . E o negócio melou.
Então, o ministro da defesa, Raul Jungman, lembrou-se do posto que ocupa e falou, dizendo que não era bem assim. Moreira Franco gaguejou, sem dizer nada. E Temer, elogiou primeiro a Boeing, fez uma declaração de amor ao capital estrangeiro para depois assegurar que a EMBRAER não seria vendida. E transferiu a responsabilidade pelo andamento das negociações à área militar, à FAB especificamente.
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A ESCOLA SEM PARTIDO É A
MORDAÇA DO RETROCESSO
Essa ideia de Escola Sem Partido surge revestida por um manto suposto de boas intenções. Se pretenderia evitar que nas escolas haja o proselitismo politico. Isso , se fosse somente isso, seria inegavelmente positivo. Mas o que na verdade se propõe de forma sub-reptícia é impedir na escola o livre transito das ideias, o debate, a discussão sobre todos os temas, com liberdade plena de expressão. No espaço do saber o Estado não pode surgir impondo limites para a liberdade de pensar, tornando única a narrativa dos professores, exercendo censura sobre o pensamento e a liberdade de escolha, inclusive a politica.
É necessário, até imprescindível, que se leve o debate político para as escolas, desde que não seja sob o viés exclusivo de uma só ideologia, ou de religião. A escola forma cidadãos, e a cidadania plena exige cidadãos informados que a fortaleçam. Escola sem partido é a máscara para o objetivo maior que seria a escola que não pensa. E pensar a política, discutir a política é tão essencial como qualquer matéria curricular, desde que não seja uma matéria que se sobreponha às demais. A matemática não invade o espaço do português do desenho, da historia, da geografia, ja a grande política nas escolas deveria ser o pensamento operando em tempo integral, e através dele chegando-se a uma visão sistêmica do conhecimento e da sociedade. Para que isso aconteça não se pode impor restrições à Cátedra, mas a responsabilidade que recai sobre os mestres deve deles retirar a tendência de formar militantes. Mas essa é uma questão a ser discutida em cada escola pelo conjunto de docentes e discentes.
E é evidente que não se irá falar sobre temas políticos, filosóficos, ou sobre sexo e gênero. no Jardim de Infância.
A visão da Escola sem Partido é na sua essência, fascista, totalitária, mesquinha, um ranço da escolástica, um cheiro de Idade Média distante do Renascimento.
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LIVROS, LIVROS, LIVROS
É preciso mais espaço agora para que se dê notícia, se comente tantos livros lançados na praça. E estamos diante de uma safra copiosa e de boa qualidade. Já se disse que em tempo de crise as pessoas são instigadas a pensar , a produzir. No caso específico da literatura, as fornadas saídas no calor das crises, das guerras, passaram à História como espasmos da genialidade no meio do acirramento da insensatez humana.
A nossa crise, essa atual e brasileira, é fruto da mediocridade em estado puro de corrosivo esfacelamento social. Daria para suscitar todos os temas, desde a sociologia, política, economia, à psicopatologia das massas, das gentes. Mas ai seria uma chatice, surgiriam aquelas maçarocas acadêmicas, a busca infrutífera pela verdade de cada um, restrita ao espaço do individualismo, ou de grupelhos arrogantes. A literatura é o que alivia essas tensões humanas , porque não cabe em regras ou modelos , e a tudo ultrapassa pela capacidade de passar do real ao fantástico , ao surreal. Para a nossa crise, tão repleta de mediocridades e grotescas bizarrices, se assim se pode dizer, seria melhor uma pornochanchada, do tamanho do nosso ridículo.
Ah se a vida fosse apenas literatura, mas a literatura vai além da vida.
Já observou alguém que a arte não é necessária, mas o que seria da vida sem a arte.
E a arte da palavra parece suprema. Porque influi, conduz, sugere, inspira, e as vezes até antecede a História.
Em várias religiões Deus mistura-se com a Palavra.
Assim, é bom quando numa comunidade se quebra a letargia da ausência da palavra e surgem os que se dispõem a fazê-la, escrita.
É o que sucede agora entre nós, em Aracaju, no interior. Em Itabaiana, firmou-se no calendário nacional uma Bienal do Livro, coisa inimaginável numa cidade de gente dedicada a comprar, vender, trocar, fabricar, plantar colher, rodar o mundo em caminhões. E surgem tantas academias interioranas. E nisso tudo não se pode esquecer a militância de um ator cultural chamado Domingos Pascoal.
Por isso, a partir de agora, esse box antes esporádico nesta página, sob o titulo Livros Livros, Livros, se tornará permanente, para exatamente falar sobre livros, os nossos, sergipanos, e os de outras terras.
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O CIRURGIA DE VOLTA
O que haveria mesmo por trás da crise no Hospital Cirurgia reincidente, é melhor mesmo que nem se saiba, desde que o velho e tradicional hospital, saído da vontade criadora do médico Augusto Leite, escola e palco por onde médicos generosos e rigorosos com o dever passaram e foram protagonistas, volte a ser o que já foi. No Cirurgia um hospital na origem concebido como exclusivamente filantrópico, quando faltava dinheiro, disso não se fazia motivo para troca de acusações, mas logo se formava uma corrente de solidariedade, onde a sociedade participava para ajudar, sem as duvidas suscitadas por suspeitas quanto à boa utilização do dinheiro. Para a manutenção do Cirurgia juntavam-se todos. Os municípios mandavam seus doentes para o quase único hospital que poderia atende-los. Havia sempre a destinação de recursos, tanto do Ministério da Saúde como garimpados ainda na área federal por senadores e deputados, que sabiam não existirem no Cirurgia partidos ou interesses eleitorais. Hoje, existem o João Alves, HUSE, e muitos outros em Aracaju e no interior. Os recursos se distribuem entre todos, mas o Cirurgia não perdeu sua importância, nem deixou de merecer verbas federais, estaduais e do município. E cobra, quando pacientes podem pagar.
Em face de tantos problema , de tantas crises sucessivas, os MPs federal e estadual, resolveram meter oportuna e providencialmente o seu bedelho . Analisados e reanalisados os aspectos da crise, decidiu-se com anuência tanto do governo do estado como da Prefeitura de Aracaju, que a Secretaria de Estado da Saúde, assumiria a responsabilidade pelo nosocômio ( que palavra antiga ) para que não fossem parar na necrópole, (outra palavra velha) tantos pacientes do Cirurgia que, não atendidos naquele hospital, iam terminar no cemitério, ou seja, transitavam do nosocômio para a necrópole.
Essa tragédia humana resultante da paralisação esporádica do Cirurgia, parece que agora finalmente cessou. O Secretario Almeida Lima assumiu uma responsabilidade extremamente complexa, mas garantiu que poderia desempenhá-la. Semana passada Jackson percorreu o Cirurgia para ver uma nova ala com mais leitos funcionando e as operações cirúrgicas voltando a acontecer.
Alivio que, espera-se, não seja apenas passageiro
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UM DESABAFO EM ITABAIANA
Na tarde de quinta- feira, 21 foi inaugurado o CEAC em Itabaiana. Segundo o empresário Messias Peixoto, que recentemente inaugurou o shopping , o segundo do interior sergipano, o centro de atendimento complementa os serviços prestados pelo shopping e irá intensificar ainda mais a movimentação nas lojas e na praça de alimentação. Messias agradeceu ao governador que atendeu uma reivindicação do município, polo maior de desenvolvimento no agreste sergipano. O secretário de planejamento e gestão Rosman Pereira mostrou números relacionados ao CEAC. Atenderá um público em Itabaiana e no entorno, de aproximadamente 400 mil pessoa , oferecendo 130 tipos de atendimento nos 30 pontos de prestação de diversificados serviços, desde emissão de carteiras de identidade e motorista, a correios, agencia do Banese, entre outros.
Jackson fez quase um desabafo ao dizer que o seu estado psicológico naquele dia estava péssimo, com uma sensação forte de desanimo e decepção, do qual só livrou-se ao receber um telefonema muito encorajador do presidente da Assembleia deputado Luciano Bispo, um amigo com quem conta sempre, que estivera com ele em Brasília o acompanhando um dia inteiro, ao findar-se um périplo pelos ministérios, sucessivas visitas à Caixa Econômica, à Câmara dos Deputados, terminando com a reunião com o ministro Marun, que lhe disse secamente: ¨O empréstimo da Caixa sairá depois do dia 19 de fevereiro quando for votada na Câmara a reforma da previdência. E o governo precisa de votos. ¨
Ouvir isso depois de tudo acertado, de vencidos todos os obstáculos, de ter a aprovação plena da Caixa para o empréstimo de 560 milhões, foi como sentir-se apunhalado, disse JB, porque Sergipe já aprontou todos os projetos para iniciar a construção das novas estradas e recuperação da rede estadual, em alguns pontos muito deteriorada.
Diante do obstáculo e da situação financeira que atravessa Sergipe, que chegou ao extremo com a redução do fundo de participação da ordem de quase 150 milhões de reais, e a ocorrência, este mês, de uma queda grande e surpreendente no repasse de recursos , JB disse que vai pensar mito no fim de semana sobre a posição politica que deverá tomar diante do governo federal, levando em conta apenas os interesses de Sergipe.
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AS UVAS DA CONCORDIA
De uma emenda em termos de valor inexpressiva, todavia em termos políticos recheada de bons exemplos, surgiu a possibilidade de uma boa safra de uvas em 4 lotes irrigados dos projetos Califórnia e Jacaré- Curituba, em Canindé e Poço Redondo. Poucos recursos tornaram possível o ¨milagre¨das uvas sertanejas, algo previsto e tentado há quase 30 anos por João Alves, ao iniciar a instalação do Projeto Califórnia, concluído no governo Valadares, quando era secretário da agricultura o agrônomo Paulo Viana, que nunca tirou as uvas da cabeça. A primeira safra já está em curso e o governador Jackson Barreto aprovou a doçura das uvas de Canindé e Poço Redondo. Para que a safra acontecesse, foi primordial a atuação da COHIDRO, uma empresa do estado com presença decisiva no Califórnia e no semiárido, da EMBRAPA, que conferiu qualidade técnica, da CODEVASF, das Prefeituras de Canindé e Poço Redondo. Fica, no sucesso, o exemplo de que em vez de ¨trocar socos ¨ é melhor juntar as mãos num mesmo e suado esforço, ou gesto de cooperação. Dai porque, tanto o senador Valadares como o deputado Valadares Filho, autores da emenda das uvas, deveriam começar a pensar como poderiam redirecionar aquela outra emenda portentosa de 300 milhões para o Canal de Xingó, uma esperança distante, e aplicá-los em ações no semiárido. Sentariam todos à mesa, adoçariam a boca com as uvas, desarmariam os espíritos, esqueceriam a eleição, e Jackson, Belivaldo, secretários, prefeitos, discutiriam com Valadares pai e Valadares Filho, sem mágoas nem ressentimentos, porque acima de tudo estaria o interesse de Sergipe, onde poderiam, juntos, fazer surgirem novas ¨uvas¨ no semiárido sergipano. Que o clima do Natal sugerindo paz e entendimento os inspirem