Os traumas do tempo
O show tem que continuar
Publicado em 31 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
‘Noite de estréia’, nono trabalho assinado pelo diretor John Cassavetes, encerra hoje a mostra dedicada ao pai do cinema independente americano no Sesc. Depois de um mês inteiro de exibições e debates, o professor Caio Amado, Mestre em Cinema pela Universidade de São Paulo (ECA), encerra uma discussão repleta de interrogações, que possui no desconforto provocado pela visão aguda do cineasta o único ponto pacífico.
Para Nina Sampaio, debatedora que mediou as discussões na sessão anterior da Mostra, é impossível aprisionar a essência do diretor em rótulos ou gêneros.
"O cinemao de Cassavetes é um cinema de fraturas: em uns filmes há o nervosismo e a coisa toda frenética, explosões… Em A morte do bookmaker chinês, o filme sobre o qual eu falei, há uma espécie de lentidão na maneira como ele acompanha o declínio do dono de uma boate (Cosmo Vitelli). É como se nada demais estivesse acontecendo. E tem também as músicas. O cinema do Cassavetes é pontuado por muito jazz. Para mim, A morte do bookmaker chinês, por exemplo, é um filme noir: tem bandido, tem máfia, tem jogo, mulheres, poder… Só que com a singularidade de Cassavetes filmando".
Noite de estreia – Geena Rowlands é uma atriz em crise por não querer encarar o fato de estar envelhecendo. Enquanto ela se prepara para uma nova peça, acaba entrando em um redemoinho emocional atormentador, motivado pela morte de uma fã, há poucos instantes de um estranho e próximo contato.
Estrelado pela esposa de Cassavetes, Gena Rowlands, Noite de Estréia é uma das últimas grandes obras do diretor. Inspirado em A Malvada, o filme de 1977, o filme também serviu de inspiração para autores como Pedro Almodóvar, que deixa a influência explícita na cena do atropelamento, no filme Tudo Sobre Minha Mãe.
Mostra de filmes John Cassavetes:
Local: Auditório do Sesc Centro
Data: 31 de julho
Hora: 14h30