OS CONSTRANGIMENTOS EM UMA CONVENÇÃO
Publicado em 02 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
Em Canindé de São Francisco o prefeito Orlandinho Andrade e o seu irmão, o suplente de senador Kaká Andrade, esforçaram-se até aonde foi possível para disfarçar os constrangimentos que afloraram na convenção realizada na última sexta-feira para indicação dos candidatos a prefeito e vice prefeito. O candidato a prefeito Ednaldo da Farmácia, um correto e benquisto comerciante, é estreante na cena política, e, como ele próprio reconheceu em discurso, sem a experiência, que agora torna-se indispensável para liderar um grupo e comandar o processo eleitoral.
Como resultado dessa limitada capacidade de articulação, estão pipocando aqui e ali desentendimentos que se ampliam em face da vantagem exibida nas pesquisas pelo candidato da oposição Heleno Silva. Chegou o dia da convenção e os ponteiros não haviam sido previamente acertados, tarefa que caberia ao candidato, um aprendiz de político. Então, em plena convenção, aconteceu a cena inédita.
O vereador Panque, que foi o mais votado, é presidente da Câmara e candidato à reeleição, fez um discurso anunciando que não iria apoiar o candidato Ednaldo da Farmácia, e que o seu compromisso era exclusivamente com o prefeito Orlandinho, no sentido de manter a governabilidade do município, mas não se sentia obrigado a votar em candidato de cuja escolha não participara, e com quem não tivera o prazer de conversar depois.
Na plateia, o inesperado anúncio fez ampliar a sensação de desconforto que já se sentia desde a véspera, quando, na convenção que tornou candidato a prefeito o deputado Heleno, e a vice a ex-prefeita Rosa Maria, houve uma soma de apoios, como do deputado João Daniel, líder do MST, do Frei Enoque Salvador de Melo, a presença do deputado federal Valadares Filho, a formação de um arco de alianças que vai do PT, passando pelo MST e o Democratas. Esses fatos deixaram claro que a oposição estava unida e engrossara nos últimos dias com importantes adesões. Por outro lado, os oradores que se sucederam demonstraram competência política, articulação e foco em objetivos. De uma a outra convenção, pareceu existir um contraponto entre a competência e a improvisação.
Outro episodio difícil de ser presenciado sem risos e comentários jocosos foi o discurso de um cantor e compositor de toadas boiadeiras, Paulo Nunes, aliás muito bom no seu ofício, mas que, vez por outra, é contagiado por estranha megalomania, ou devaneios, e imagina-se grande liderança política. Ele anunciou que conseguira para Ednaldo o apoio de dois influentes políticos, o ex-prefeito de Paulo Afonso, Paulo de Deus, e o suplente de deputado federal, agora assumindo temporariamente, o respeitado médico Luiz de Deus. Foi mais além, e disse textualmente que Canindé não precisava de outros, porque já tinha um deputado federal que o representava e defendia, Luiz de Deus.
Como o parlamentar representa na Câmara Federal a Bahia, naquela convenção partidária foram ofendidos toda a bancada federal sergipana, os deputados estaduais, inclusive Jeferson Andrade, primo de Orlandinho e Kaká. Jeferson foi o mais votado no município, e lá é muito presente e atuante. Para completar a frustração, o anunciado apoio dos dois políticos baianos não ocorreu, porque, tanto o engenheiro e pecuarista Paulo de Deus, como o seu irmão o deputado Luiz de Deus, não deram o ar da graça na convenção. O orador Paulo Nunes acrescentou ao pacote de desatinos uma acusação a um senhor que estava na plateia, logo o intimando a retirar-se do recinto porque seria um espião, ¨identificado¨ facilmente pelo vermelho da camisa que vestia.
Tanto o prefeito Orlandinho Andrade com o seu irmão Kaká Andrade ainda querem saber quem foi o responsável por colocar Paulo Nunes, que é assessor do candidato Ednaldo da Farmácia, entre os oradores da convenção, e quem se esqueceu de conversar, antes, com o vereador Panque.