Manifestação dos policiais em frente à Central de Flagrantes, no Santos Dumont.
Policiais reforçam mobilização e aprovam paralisação de 12 horas
Publicado em 12 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Gabriel Damásio
Uma paralisação de 12 horas foi deflagrada no início da noite de ontem pelas polícias Civil e Militar, que decidiram suspender todos os atendimentos ao público. A decisão foi tomada à tarde, em três assembleias realizadas por associações de classes componentes do Movimento Polícia Unida. As categorias decidiram entrar em operação-padrão, suspendendo o atendimento ao público na Central de Flagrantes e restringindo o serviço apenas às prisões em flagrantes. A previsão é de que a paralisação seja encerrada às 7h de hoje.
A principal assembleia foi a dos agentes e escrivães da Polícia Civil, que após decidirem pela paralisação, lideraram um piquete em frente à Central de Flagrantes, no bairro Santos Dumont (zona oeste). A Avenida Visconde de Maracaju chegou a ser interditada por quase meia hora nos dois sentidos, provocando um grande congestionamento, e foi liberada após os motoristas de ônibus conversarem com os manifestantes. As luzes da delegacia foram apagadas e os policiais orientaram os usuários a não comparecerem às delegacias.
Em outras assembleias, os delegados da Civil e os oficiais da Polícia Militar decidiram apoiar as reivindicações dos policiais civis e participar das manifestações programadas para o restante da semana, incluindo a concentração na porta da Central de Flagrantes e uma caminhada que deve ocorrer hoje até o Palácio de Despachos. “O governador Belivaldo Chagas foi diversas vezes avisado e comunicado que a Polícia não aguentava mais essa situação. Solicitamos várias audiências, procuramos os líderes do governo, mas ninguém nos ouviu. Ele preferiu apagar fogo com querosene. Nós policiais aguentamos mais 9 anos sem reajuste”, protestou o sargento Moraes, um dos líderes do Movimento Polícia Unida.
Os policiais reclamam principalmente da falta de reajuste nos salários e do corte de 50% no pagamento da Indenização por Flexibilização Voluntária (IFV), que é uma gratificação paga por serviços extraordinários. A redução foi determinada nesta semana pela Secretaria da Segurança Pública, por orientação da área econômica do governo. Os policiais também se queixaram da falta de pagamento das horas-extras feitas no mês de novembro. E reivindicam ainda o pagamento de um adicional de periculosidade agregado aos subsídios.
O presidente do Sinpol, Adriano Bandeira, disse que o corte nas IFVs afeta sensivelmente os ganhos salariais dos policiais, que estão com os salários defasados por causa da falta de reajustes. “Para o policial, a hora extra é complemento de renda, verdadeira compensação ordinária da ausência da reposição inflacionária por uma década. Sem a hora extra, o policial não mantém seu poder de compra e sem tal condição não preserva intacta a dignidade que lhe garante a Constituição Federal. Sendo mais claro: o policial precisa se submeter a trabalhar extra para ter condições de se manter e pagar as contas da família em dia. O policial não sabe quando contará com um reajuste salarial compatível com o perigo da atividade profissional que desempenha e já recebeu a negativa do Governo do Estado no tocante ao adicional de periculosidade”, diz Bandeira.
A SSP foi procurada, mas não divulgou nenhum posicionamento sobre o assunto até o fechamento desta edição.