Professores dizem que não tiveram o que comemorar no 15 de outubro
Publicado em 16 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia
Cândida Oliveira
candidaoliveira@jornaldodiase.com.br
Com salários defasados, violência nas escolas e falta de estrutura para trabalhar, os professores não tiveram o que comemorar neste dia 15 de outubro. De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Oficial do Estado de Sergipe (Sintese), Ângela Maria Nunes, ainda falta muito para que a data seja celebrada de fato e de direito. "Não temos o reajuste como manda a Lei do Piso, apesar do papel importante que desempenhamos na sociedade", diz.
Ela observa que sozinho o docente não consegue fazer todas as transformações necessárias na sociedade, porém, desempenha um papel fundamental de equilíbrio. Ela cita como fator atual, a violência nas escolas. "Essa situação é preocupante, pois a violência não é gerada na escola, é um fator externo que chega até as escolas. O desemprego, a falta de saneamento básico, de policiamento, tudo isso interfere no aprendizado dos alunos. Convivemos com a situação, mas não a aceitamos e nosso papel é ajudar a resolver esses conflitos".
Para a sindicalista o professor é um agente de transformação e que está na sala de aula no dia a dia aprendendo também com os alunos. "Os estudantes nos apresentam um novo saber e com eles também aprendemos".
Nas escolas municipais, a realidade não é muito diferente da rede estadual. Segundo a presidente do Sindicato dos Profissionais de Ensino do Município de Aracaju (Sindipema), Vera Maria Oliveira, se a sociedade compreende a importância do professor no meio em que vivemos, educando gerações, vai entender também que não há o que comemorar. "Do ponto de vista do reconhecimento dos gestores, não há o que comemorar. Faltam condições de trabalho, falta cumprimento da Lei do Piso e outras valorizações profissionais, esses são desafios que os professores têm continuadamente travado", denuncia.
Vera relata que a escola atualmente é desafiada a enfrentar muitos problemas e suas observações se assemelham às da professora Ângela. "Chegam muitos desafios nos colégios, a violência é um deles, que está presente cotidianamente. A violência está na escola, mas não é da escola. Ela vem de fora, porque há muitas desigualdades. As políticas públicas não chegam a todos e o reflexo acontece dentro da sala de aula".
Para a presidente do sindicato municipal, a escola não é uma ilha, não está isolada da sociedade. "O trabalho do professor é penoso, há desgaste físico e emocional e isso faz crescer o número de professores que se afastam da sala de aula".
Mas a sindicalista Vera Oliveira diz que não é hora de desistir da luta, pois a esperança deve mover a categoria. "Se não fosse nossa luta não teríamos avançado, demos passos significativos e podemos ir além. O compromisso do docente, esse sim, podemos comemorar", ressaltou.
O Sindipema faz tradicionalmente uma festa em comemoração à data. Esse ano, o evento aconteceu no Sest/Senat, na avenida Tancredo Neves, durante todo o dia. A festa começou às 10h, com show musical, e muita diversão para os professores e seus filhos. "Foi um dia de encontro fraterno e também de discutir questões do cotidiano dos professores".