POLICIAIS MILITARES AGUARDAM A CHEGADA DO ÔNIBUS PARA O DESLOCAMENTO AO INTERIOR DO ESTADO. QUASE TRÊS MIL HOMENS ESTÃO DE PLANTÃO HOJE
Policial militar procura o ônibus para embarcar para o município onde vai trabalhar durante as eleições
Publicado em 07 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia
POLICIAIS MILITARES AGUARDAM A CHEGADA DO ÔNIBUS PARA O DESLOCAMENTO AO INTERIOR DO ESTADO. QUASE TRÊS MIL HOMENS ESTÃO DE PLANTÃO HOJE
Policial militar procura o ônibus para embarcar para o município onde vai trabalhar durante as eleições
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
O esquema de segurança das eleições deste domingo vai exigir, além do reforço de efetivo, atenção redobrada contra estratégias usadas por cabos eleitorais para tentar driblar a ação da polícia e abrir caminho para a prática de crimes eleitorais como boca-de-urna e compra de votos. Entre as táticas mais usadas, está a de atribuir denúncias dos mesmos crimes aos grupos adversários. Esta é uma das preocupações do Comando da Polícia Militar, que enviou na manhã de ontem as tropas de reforço que trabalham desde a tarde, em escalas de revezamento, na segurança da votação em todas as 75 cidades sergipanas.
O embarque das tropas de reforço para o interior começou às 5h no quartel do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), no bairro América (zona oeste da capital). Para o transporte dos militares, foram utilizados 38 ônibus, 14 microônibus e seis vans, que começaram a ser ocupadas após a formação da tropa e as últimas instruções do comandante-geral, coronel Maurício Iunes. Cada veículo seguiu para os quartéis da PM nas cidades-sede das 36 zonas eleitorais da capital e do interior.
Ao todo, serão 2.886 PMs distribuídos pelo Estado, sendo 1.786 no interior e outros 728 na Grande Aracaju e nas cidades de Itaporanga e Salgado. Eles vão se somar a outros 2 mil soldados já escalados no policiamento ordinário, o que soma 4.900 militares em escalas de revezamento. "Na prática, não haverá folga. Todo o efetivo da Polícia Militar estará trabalhando nestas eleições, até a madrugada de segunda", resumiu o comandante de Policiamento Militar da Capital, coronel Jackson Nascimento. Cartões de vale-refeição foram entregues aos policiais, os quais também receberam, em suas contas bancárias, o valor correspondente à Gratificação por Atuação em Eventos (Grae).
Jackson acrescenta que os policiais permanecerão até a madrugada de segunda-feira nas cidades, mesmo nas 25 que vão receber o reforço das tropas do Exército. "O trabalho começa na tarde do sábado, com a guarda das urnas eletrônicas e dos locais de votação. No domingo, onde tiver o reforço do Exército, as tropas federais vão render esses policiais, que no entanto permanecem nas ruas", explicou Jackson. "Na prática, o Exército assume as questões e missões relativas à eleição nestas cidades, enquanto a Polícia Militar complementa fazendo o policiamento preventivo de rua", complementa Iunes, que assegura "integração" no trabalho das duas corporações.
Na avaliação da PM, o principal problema enfrentado, mais do que os próprios crimes eleitorais, é a guerra de informação entre os partidários dos candidatos, que trocam acusações no dia da votação para facilitar a boca-de-urna e a compra de votos. "Acontecem muitas denúncias infundadas, quando pessoas do candidato A espalham que o candidato B está comprando votos em um lugar e aciona a polícia, mas a denúncia não é comprovada. Sem contar as tentativas de boca de urna aqui e ali. São coisas que os grupos políticos fazem para tentar desviar o foco dos policiais e criar um clima hostil na cidade. É como se fosse um jogo de ‘gato e rato’, e a Polícia Militar tem que estar preparada para isso", afirma Jackson.
E para evitar o ‘gato e rato’ eleitoral, a PM se antecipou, distribuindo núcleos do Serviço Reservado da corporação (PM-2) em bairros e municípios não divulgados. "Os núcleos de inteligência fizeram um levantamento em diversos locais onde podem acontecer crimes eleitorais. Todos os locais têm probabilidades de acontecer esses crimes, mas é evidente que os municípios com menores registros de ocorrência tendem a ter eleições mais tranqüilas", frisa o comandante, acrescentando que as unidades de pronto-emprego da PM serão usadas, como o Grupamento Tático Aéreo (GTA), o Comando de Operações Especiais (COE), o Grupo de Ações Táticas do Interior (Gati), o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o Pelotão Especial de Policiamento de Caatinga (Pepac).
Crimes comuns – Outro fator que surpreende nas eleições deste ano é o aumento dos crimes comuns no cotidiano, mas relacionados à campanha eleitoral: agressões, ameaças, vandalismo e até mesmo tentativas de homicídio. "Percebemos que a violência está bem mais presente nas eleições deste ano. Essas agressões e outros crimes até não configurar como crime eleitoral, mas estão intimamente ligados às eleições", explica o coronel Iunes, atribuindo esses fatos ao acirramento dos ânimos dos candidatos e de seus partidários.
Este acirramento levou Sergipe fazer mais de 30 pedidos de reforço de tropas federais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que autorizou a ida de soldados do Exército a 25 cidades: Capela, Muribeca, Ilha das Flores, Ribeirópolis, Nossa Senhora Aparecida, Moita Bonita, São Miguel do Aleixo, Estância, Lagarto, Japaratuba, Pirambu, Carmopólis, Aquidabã, Canhoba, Graccho Cardoso, Itabaiana, Salgado, Malhador, Campo do Brito, Macambira, São Domingos, Canindé do São Francisco, Poço Redondo, Rosário do Catete e Monte Alegre de Sergipe. A segurança nestas cidades será aumentada com 800 soldados dos batalhões sediados em Aracaju, Salvador e Feira de Santana (BA).
Nos pedidos feitos pelos promotores eleitorais, há em comum o argumento de que não há efetivo suficiente na polícia para manter a ordem nas cidades durante a votação, face ao aumento da ação criminosa dos grupos políticos locais e a intensa rivalidade entre eles. Maurício Iunes discorda e garante que o quantitativo de soldados empregados no esquema especial da PM "é até mais do que o suficiente" para garantir a segurança da votação e da apuração em todo o estado.