Terça, 10 De Dezembro De 2024
       
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Revólver dispara e atinge 2 alunos dentro de escola


Publicado em 08 de outubro de 2013
Por Jornal Do Dia


O disparo aconteceu na Escola Estadual Senador Leite Neto

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Mais um caso de adolescentes armados em escolas volta a assustar a população. Por volta das 9h45 de ontem, dois estudantes foram baleados no pátio da Escola Estadual Senador Leite Neto, na rua Leopoldo Mesquita, bairro Grageru (zona sul). Um aluno de 15 anos, que estuda no 9º Ano do Ensino Fundamental, levou um revólver calibre 22 para mostrar aos colegas e a arma disparou, segundo testemunhas, por acidente. O tiro acertou a perna de outro estudante, que tem 13 anos e estuda no 7º Ano do Ensino Fundamental. O próprio garoto que portava a arma também saiu ferido, pois o ricochete da bala atingiu-o na virilha.
O incidente aconteceu no intervalo entre as aulas, quando professores, funcionários e cerca de 50 estudantes organizavam uma palestra que seria realizada no pátio para, curiosamente, discutir sobre drogas e violência. "Nós estávamos organizando o galpão para receber o palestrante e colocar as carteiras para os alunos. E, de repente, começou uma correria, um tumulto, os alunos gritando ‘tiro, tiro, é tiro’… e já vi os meninos feridos", relatou a diretora da escola, Cristina Negreiros, ainda nervosa com o ocorrido. Os dois rapazes foram socorridos e levados até a sala da coordenação, onde aguardaram a chegada das respectivas mães e de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O aluno de 13 anos foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Nestor Piva, no 18 do Forte (zona norte), e liberado ao início da tarde. O de 15, que estava com a arma, foi transferido para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), onde ficou internado em observação até a noite de ontem, mas sem correr risco de morte. O revólver foi apreendido por uma equipe da Polícia Militar que também esteve na escola. Primeiro, ele havia sido jogado no matagal, mas depois, a pedido do adolescente, foi posto de volta na mochila. Aos PMs, o menor disse que "achou" a arma na rua.  
O caso foi encaminhado à Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), cuja delegada-adjunta Jacyara Mendonça ouviu o depoimento de um dos adolescentes feridos na tarde de ontem, ainda no hospital. Segundo ela, o responsável pela arma vai responder em liberdade a um Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC) por atos infracionais de lesão corporal culposa e porte ilegal de arma. As aulas no Leite Neto foram suspensas no turno da manhã e retomadas à tarde. A Secretaria Estadual de Educação (Seed) informou que os alunos e as famílias estão sendo assistidos por psicólogos e profissionais dos programas "Qualivida" e "Cidadania e Paz nas Escolas". O órgão garantiu ainda que as campanhas contra a violência escolar já realizadas na unidade serão reforçadas.

Alunos tranquilos – Tanto a diretoria quanto alunos e policiais asseguram que o tiro foi acidental.  A hipótese mais provável é a de que o revólver já estaria engatilhado na hora em que o adolescente tirou-o da mochila para mostrar aos amigos – alguns disseram que o rapaz estava paquerando uma aluna do colégio que já tinha namorado e sacou a arma para demonstrar que iria enfrentar o rival. "Ela tem namorado? Então eu guardei pra ele isso aqui", teria dito o garoto, no exato momento em que o tiro aconteceu.
Esta versão não é confirmada pela diretora. "Ele disse pra nós que não queria atirar em ninguém e que trouxe a arma só pra mostrar aos colegas", afirma Cristina, frisando que os dois adolescentes não têm nenhum histórico de envolvimento em brigas, rixas ou confusões. "Nenhum dos dois têm problemas de agressividade, de droga ou de violência. Só aqueles problemas normais de todo adolescente. É até uma surpresa pra gente, porque os dois são muito tranquilos. E não entendemos porque ele trouxe essa arma", refletiu a professora. A mesma sensação de choque e surpresa foi sentida entre os outros alunos, os quais confirmam a tranquilidade dos dois colegas envolvidos.
Alguns outros casos de violência já foram registrados na Escola Leite Neto, que recebe alunos de escolas em reforma nos bairros mais periféricos, como Coqueiral, Santos Dumont e Coroa do Meio. A mãe de um aluno, que não quis se identificar, disse ao JORNAL DO DIA que alguns estudantes chegam a levar armas para o colégio e exibi-las em público, além de promoverem constantes brigas entre si. Perguntada, a diretora negou que os alunos andem armados e disse que, até ontem, isso acontecera uma única vez, há três meses, com um aluno do turno da tarde – o qual foi expulso da unidade de ensino. Já as brigas entre alunos foram confirmadas por Cristina, ressalvando que todos os casos foram encaminhados ao Conselho Tutelar e aos pais dos envolvidos.

Não foi o primeiro – Em menos de três semanas, este foi o segundo incidente envolvendo jovens armados em escolas. Em 17 de setembro último, o estudante Jadson Bruno Oliveira Santos, 16 anos, foi assassinado na quadra da Escola Municipal João Teles de Menezes, no bairro Jetimana (zona norte de Aracaju), onde fazia o 6º ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ele levou dois tiros disparados por outro adolescente que teria invadido a escola para cometer o crime. Na sexta-feira passada, o menor suspeito compareceu à Depca e prestou depoimento, alegando que estava desarmado e que, "em legítima defesa", tomou a arma das mãos da vítima. O caso ainda é investigado.

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