"Roleta-russa" mata menina de 15 anos no Santa Maria

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Uma única bala deixada no tambor de um revólver é suficiente para transformar uma brincadeira irresponsável em tragédia. Foi o que aconteceu às 20h30 de sexta-feira na Rua 5 do Conjunto Padre Pedro, bairro Santa Maria (zona sul de Aracaju). A estudante Eduarda de Jesus Teles, 15 anos, morreu com um tiro na cabeça disparado por um de seus colegas, que tem 16 anos e participava, com outros adolescentes, do "jogo" chamado de "roleta-russa" – no qual a pessoa gira o tambor da arma e aperta o gatilho várias vezes. O revólver não foi encontrado, mas o autor do disparo foi apreendido em flagrante e vai ser processado por homicídio.
Segundo informações da Polícia Militar, Eduarda e o rapaz estavam com amigos na rua da casa dela, quando um segundo adolescente, de 14 anos, sacou o revólver de uma mochila, retirou as munições e todos começaram a "jogar", simulando disparos contra os pés e passando a arma um para o outro. Em um dado momento, o rapaz mais velho apontou a arma para a cabeça de Eduarda e deu o único tiro fatal.
A vizinhança saiu logo à rua e Eduarda foi levada de carro ao Pronto-Socorro Fernando Franco, no Conjunto Augusto Franco (zona sul). Ela chegou a ser transferida em estado grave para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), mas morreu ao final da noite. O pai da vítima, Edvaldo Alexandre Teles, relatou que a família ficou completamente desesperada com a tragédia, a ponto de as outras filhas lhe pedirem para que não deixasse a irmã morrer. O corpo dela foi liberado ontem de manhã pelo Instituto Médico Legal (IML) e enterrado ao final da tarde.
O menor que atirou chegou a sair do local do crime e ir para casa, mas foi entregue pela própria mãe aos policiais militares da 4ª Companhia do 1º Batalhão (4ª Cia/5º BPM) que atenderam a ocorrência. Em seguida, ele confessou ter atirado em Eduarda, mas disse que o revólver pertence ao outro garoto e que este tinha a levado para casa. Os policiais foram então à casa deste menor e na residência de uma segunda garota que também foi apontada como a que retirou a arma do local da tragédia. Ao fim de tudo, o revólver não foi encontrado e os três jovens foram levados para a Delegacia Plantonista, no Centro – e foi neste momento em que a morte da jovem foi anunciada.
O rapaz de 16 anos foi autuado em flagrante por ato infracional relativo a homicídio e foi encaminhado à Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), no Capucho. Lá, ele foi apresentado ao representante do Ministério Público e transferido para a Unidade Socioeducativa de Internação Provisória (Usip), onde aguarda decisão da Justiça. O paradeiro e a origem da arma serão investigados também pela Depca.