Carnes expostas em banca na feira da Coroa do Meio, ontem de manhã
CARNE EXPOSTA EM UMA BANCA DA FEIRA LIVRE DA COROA DO MEIO, ONTEM DE MANHÃ: APÓS 4 HORAS DO ABATE, CARNE ENTRA EM DECOMPOSIÇÃO
Publicado em 08 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
Carnes expostas em banca na feira da Coroa do Meio, ontem de manhã
CARNE EXPOSTA EM UMA BANCA DA FEIRA LIVRE DA COROA DO MEIO, ONTEM DE MANHÃ: APÓS 4 HORAS DO ABATE, CARNE ENTRA EM DECOMPOSIÇÃO
Cândida Oliveira
candidaoliveira@jornaldodiase.com.br
Apenas no primeiro semestre de 2012, Sergipe já ultrapassou o montante de apreensão de carne clandestina de todo o ano passado. De acordo com dados da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), 3 toneladas de carne foram apreendidas em 2011 e até junho deste ano 4 toneladas foram interceptadas. O abate clandestino é aquele realizado sem inspeção veterinária, em local inadequado e sem condições de higiene.
Segundo a diretora de Defesa Animal e Vegetal da Emdagro, Salete Dezen, o aumento das apreensões se dá por conta da ação de várias instituições. "Além da Emdagro, podem realizar a fiscalização outros órgãos oficiais como Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Federal e a Vigilância Sanitária", informa ela. Salete assegurou que a ação policial é mais efetiva, pois conta com o poder de polícia.
Problemas – Em Sergipe há apenas um frigorífico que está localizado em Propriá, distante 90 quilômetros da capital sergipana, para abate de animais, e de lá deveriam sair todas as carnes para comercialização. No entanto, na prática não é assim.
Outro problema é que, sozinho, o frigorífico não atende a demanda do Estado. "A falta de outros matadouros ajuda na proliferação do abate clandestino", revelou Salete.
Mas essa realidade pode mudar nos próximos dois anos. De acordo com Salete, já existem dois projetos para construção de frigoríficos, que devem ser erguidos em Itabaiana e Estância. Neste último local, o processo está mais adiantado, pois já existe um terreno destinado à construção e o licenciamento ambiental já foi solicitado. "Daqui a dois anos, devemos ter três ou quatro frigoríficos no Estado, o que inibirá o abate dos clandestinos".
Velhos hábitos – Mas de acordo com Salete de nada adianta a construção de novos frigoríficos se continuar existindo a comercialização de carnes nas feiras livres, que estão espalhadas na capital e no interior sergipano.
O corte, o transporte realizado de forma correta, deve estar aliado à comercialização refrigerada. "De nada adianta o processo de abate correto se a venda não é refrigerada, afinal, 4 horas depois do abate, a carne entra em estado de putrefação e caso não haja refrigeração, qualquer bactéria pode se desenvolve", explica a diretora.
Para saber se uma determinada carne está dentro das normas de segurança, observe a cor e o cheiro do produto, a condição de armazenamento e da embalagem. Nos casos das carnes vendidas nos açougues, deve existir o carimbo do Serviço Federal de Inspeção (SFI). Já as carnes comercializadas nos supermercados há o selo do SFI etiquetado no pacote. "A cultura da população é estranha. Comprar a ‘carne fresca’, mas quando chega em casa põe no refrigerador. Quando tivermos consumidores conscientes, o abate clandestino deixa de existir", observa Salete.
O consumidor precisa fazer sua parte, denunciando a venda de carne clandestina. A Emdagro fiscaliza a chegada do animal ao abate e faz a fiscalização nas rodovias. "Não participamos do abate porque os abatedouros são de responsabilidade do município", diz Salete.
Em casos que o consumidor identifique irregularidades a denúncia deve ser realizada na Vigilância Sanitária de sua cidade.
Doenças – O consumo de carne abatida clandestinamente é muito perigoso. Segundo Salete, as carnes que não são fiscalizadas correm o risco de transmitir doenças como tuberculose e cisticercose e até causar infecção intestinal. Na carne clandestina podem ser encontradas drogas veterinárias, antibióticos, hormônios e parasiticidas.