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Sergipe perde R$ 700 milhões por ano com mortes de jovens


Publicado em 14 de julho de 2013
Por Jornal Do Dia


Armas apreendidas pela polícia: mortes violentas de jovens causam grandes prejuízos ao Estado

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

A morte prematura de jovens por causas violentas, como homicídios e acidentes de trânsito, provoca um prejuízo, equivalente à chamada "perda de bem-estar social", de R$ 700 milhões por ano ao estado de Sergipe – equivalente a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual – e reduz a expectativa de vida dos jovens sergipanos em um ano e cinco meses (1,49 ano), no caso dos homens – entre as mulheres, essa perda é equivalente a dois meses (0,20 ano). Estes dados fazem parte da pesquisa "O Custo da Juventude Perdida no Brasil", produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), vinculados ao governo federal.
Os resultados foram divulgados nesta sexta-feira e revelaram que, no Brasil, esta perda causada pela morte de jovens é de R$ 79 bilhões anuais, o que equivale a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Os cálculos foram realizados a partir de dados registrados em 2010 pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando os casos de homicídios, suicídios e acidentes com pessoas entre 15 e 29 anos. Tais contas feitas pelo Ipea seguem uma fórmula complexa, que incluem a chamada "disposição marginal a pagar", um valor projetado "para evitar o risco de morte prematura por violência aos 20 anos de idade", com base na renda per capita e na taxa de vitimização.
Em Sergipe, estado com a mais alta renda do Nordeste, o gasto contra a violência seria de R$ 20.632 anuais para cada homem entre 15 e 29 anos, cuja taxa de vitimização é de 254,7. Entre as mulheres da mesma faixa, o gasto e o risco são muito menores: R$ 1.883 de "disposição marginal a pagar", com vitimização de 15,1. Os dados mostram ainda que, em dados totais, Sergipe teria que gastar R$ 23,7 bilhões para erradicar a violência, sendo R$ 19,6 bilhões das gerações atuais e R$ 4,1 bilhões das gerações futuras.
"São incomensuráveis as perdas dessa tragédia, em termos de dor, sofrimento, e desestruturação familiar. Por outro lado, esses óbitos geram um custo econômico de bem-estar para a sociedade que pode ser expresso monetariamente. Neste trabalho, utilizamos uma abordagem de disposição marginal a pagar para evitar o risco de mortes prematuras devido à violência", diz o estudo do Ipea. Ele aponta ainda que o impacto destes custos é diferente em cada estado, tendendo a pesar mais em estados de baixa renda e alta criminalidade. Em Alagoas, considerado o estado mais violento do Brasil, o custo de R$ 1,7 bilhão anuais chega a representar 6% do PIB local. Já em São Paulo, estado com a menor taxa de mortes violentas de jovens, o custo de R$ 14,9 bilhões por ano representa 1% do PIB.

Vivendo menos – Ainda de acordo com a pesquisa, Sergipe teve, no ano de 2010, a média de 114,5 mortes violentas por grupo de 100 mil jovens entre 15 e 29 anos, sendo 60,3 homicídios, 45,4 assassinatos por arma de fogo, 39,0 acidentes de trânsito e 7,9 suicídios. Esta composição mostra que os homicídios acabam interferindo diretamente na redução da esperança de vida dos jovens. O Ipea estima que a perda causada pelos assassinatos de sergipanos jovens é de oito meses (0,83 ano), contra cinco meses (0,48 ano) dos acidentes de transporte, 0,09 dos suicídios e mais 0,09 de causas indeterminadas ou outros tipos de morte. Já entre as sergipanas jovens, a maior redução é causada pelos acidentes de transporte, responsáveis por 0,09 ano a menos na expectativa de vida, contra 0,06 dos homicídios, 0,03 dos suicídios e 0,02 de causas indeterminadas ou outros tipos de morte.
Apesar dos valores altos, a posição alcançada por Sergipe é considerada intermediária em relação a outros estados. O estudo mostrou que Alagoas e Espírito Santo estão em situação mais crítica. No estado vizinho, os alagoanos jovens têm perda de 2,62 anos em sua expectativa de vida, contra 2,14 anos dos capixabas. Outros nove estados superaram Sergipe na queda da expectativa de vida dos homens jovens, a começar pela Bahia (1,81 ano). As menores perdas foram registradas em Santa Catarina (0,98 ano), Acre (0,95) e São Paulo (0,78).
Já com relação às mortes violentas de mulheres entre 15 e 29 anos, Sergipe está com o mesmo índice alcançado por Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco e Distrito Federal. Acima deles, estão mais oito estados, com a liderança de Roraima (0,30 ano). A menor perda de expectativa aparece no Amapá (0,12).  "Desde sempre se fala que os jovens são o futuro da nação. Mas o que nós estamos fazendo com os nossos jovens no Brasil? Os dados sobre mortalidade violenta juvenil mostram uma realidade trágica", resume o relatório da pesquisa. (com Agência Brasil)

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