Há tempo para tudo sob o céu (Giovanni Bianco)
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Tempo rei
Publicado em 23 de agosto de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Leio sobre a derradeira turnê de Gilberto Gil (nesta página) e evoco o conselho lacônico de Nelson Rodrigues, endereçado à turma das calças curtas: envelheçam!
Sim, há tempo para tudo sob o céu. O cantor e compositor baiano, por exemplo, apresentou-se nos palcos do mundo todo, antes de abandonar o tablado do circo de uma vez por todas.A coreografia do sucesso exige músculos tensos. Gilberto Gil renunciou às exigências da força, em favor de prazenteira lassidão.
Estou com Gil e não abro. Penso na canção dos Beatles, Wheni’msixty four… Me dou conta do vazio sob os holofotes, obra e graça de uma ampulheta implacável, pronta para esmagar as maiores esperanças sob o peso de um grão de areia. O fato é que a velha guarda da música brazuca reivindica merecido descanso. E não há quem a substitua, não com o mesmo gênio, nem com a mesma graça, a mesma inspiração, a mesma altura.
Gil realiza uma derradeira turnê. Antes dele, o maior de todos, Milton Nascimento, deu entrada em sua aposentadoria. Paul McCartney ainda não se nega a visitar os quatro continentes, recolhendo aplausos e baús abarrotados por moedas de ouro. Mas uma hora terá de entregar os pontos, fatalmente.
Ouço Caju, álbum recém lançado por Liniker. Pop demais para o meu gosto.etorno aos meus discos velhos, gravados em mil novecentos e antigamente. De novo e sempre.