Segunda, 17 De Fevereiro De 2025
       
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Uma análise sobre Canal de Xingó


Publicado em 12 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia


A SECRETÁRIA LÚCIA FALCÓN FAZ ARTIGO

adm2@comunicativaassociados

* Maria Lúcia Falcón

Na última sexta-feira, 9 de agosto, a cidade de Aracaju sediou um evento marcante para o desenvolvimento do nosso Estado: o `Seminário de Desenvolvimento Regional e Turismo no Nordeste´ realizado pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, na Orla da Atalaia, em Aracaju. O evento contou com as presenças dos ministros do Turismo, Gastão Vieira, da Integração Nacional, Fernando Bezerra, os senadores Valadares (SE), Lídice da Mata (BA), Rodrigo Rollemberg(DF) e João Capiberibe (AC). Empresários do setor turístico, Secretários de Turismo dos nove estados nordestinos estavam presentes. O Governador em exercício de Sergipe, Jackson Barreto, presidiu a mesa de abertura.
O senador Antônio Carlos Valadares, anfitrião do evento, presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Turismo, fez um pronunciamento destacando alguns marcos de infraestrutura turística em nosso Estado e festejando o convênio para ampliação do Centro de Convenções. Entre as obras e a vida do povo, porém, o turista visita e retorna aos lugares que tenham, além de bons serviços e atrativos materiais, um povo de cultura forte, uma cidade com qualidade de vida e menos desigualdade social. A Orla de Aracaju, por exemplo, é sem dúvida uma estrutura turística importante, mas de nada valeria ter hotéis de luxo na praia, porém perpetuar uma favela com mais de duas mil e seiscentas palafitas no bairro Coroa do Meio, que fica logo atrás. O governador Marcelo Déda, quando Prefeito de Aracaju, deu prioridade à urbanização da Coroa do Meio e à construção de habitação digna para aquelas  2.600 famílias. Da mesma forma, construiu a Orla no Bairro Industrial, hoje tão importante estrutura de turismo e lazer quanto a Orla litorânea, para as famílias que habitam aquela área, antes desprezada, da cidade.
Essa maneira moderna e socialmente justa de utilizar os negócios do turismo para trazer inclusão social e desenvolvimento é a marca do governador Déda, do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. Não podemos fazer obras só para os nossos turistas, mas fazê-las para nosso povo fará com que os turistas sintam-se bem entre pessoas que vivem bem e amam sua terra e sua cultura. A construção das pontes Aracaju-Itaporanga e Estância -Indiaroba representa ligar o Nordeste com vias litorâneas que são usadas, principalmente, por nossa própria gente nordestina. A implantação dos Museu Olímpio Campos e Museu da Gente Sergipana são provas irrefutáveis de um novo turismo, apoiado na valorização da nossa cultura e da nossa história. A publicação do "Atlas da Cultura Sergipana", em 2010, permitiu completar um inventário do nosso tesouro material e imaterial, em cada território do Estado, mostrando o valor do sergipano em seu modo de trabalhar, de rezar e festejar.
Na segunda parte da fala do Senador Valadares, tratou-se do convênio entre Codevasf e governo estadual para elaboração do projeto executivo para o Canal de Xingó, que trará água para irrigação no sertão sergipano e baiano. Trata-se de obra de suma importância para o desenvolvimento do nosso semiárido. Uma longa e trabalhosa jornada foi travada desde 2007, até o dia da assinatura do convênio. Jornada que começou, à semelhança do Bairro Coroa do Meio, com uma inversão de prioridades: havia um projeto de irrigação concebido à semelhança do famigerado Platô de Neópolis, feito para grandes empresas e apoiado na fruticultura. Isso em pleno sertão, onde milhares de famílias sem terra viviam à espera da reforma agrária, as terras seriam destinadas ao grande capital, ignorando a agricultura familiar. O projeto seria financiado pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. No mesmo sertão onde as rodovias estavam destruídas ou sequer foram construídas, a água seria bombeada a mais de 200 metros de altura, a um preço caríssimo de energia. Que fez o Governador Marcelo Déda? Priorizou a reforma agrária, assentando nesses anos mais de mil famílias em parceria com o Governo Federal. A agricultura familiar foi fortalecida, dinamizando a cadeia de laticínios e bovinocultura de leite, tradicionais no sertão. Batemos recorde de produção de grãos. Com o nome de Manoel Dionízio (líder comunitário do município de Poço Redondo e fundador da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe, morto em um assalto em 12 de janeiro de 2005), o novo projeto de irrigação, destinado à agricultores familiares, em sua primeira etapa foi incluído no PAC II – Programa de Aceleração do Crescimento, da Presidente Dilma. E o Canal de Xingó foi reconcebido para ser o Canal da Redenção: água barata vindo por gravidade, de Paulo Afonso, com potencial para atender municípios baianos e sergipanos até N S da Glória, duplicando a área irrigada no Estado. A Rota do Sertão foi reconstruída, facilitando o turismo e a economia do alto sertão. Estradas foram construídas ao longo de todo o Rio São Francisco. Turismo e agricultura, industrialização e preservação da caatinga. Em suma, Déda colocou em prática desenvolvimento sustentável com participação popular no planejamento e justiça social.
Para não passar desapercebido o ato de sexta-feira, venho contar essa história. O convênio assinado foi uma conquista, antes de tudo, do bravo povo sertanejo, que resistiu ao projeto empresarial e excludente que lhe foi imposto pelo governo anterior. Também foi uma conquista do Governador Déda, que peregrinou muitas vezes ao Ministério da Integração, à Codevasf e à Presidente Dilma para financiar o novo projeto. O BID desistiu de tocar o velho projeto empresarial diante dos conflitos de interesse nas áreas de reforma agrária, que ficaram patentes em nossas reuniões em 2007.
À equipe que trabalhou comigo na época, na Secretaria de Planejamento, meu muito obrigado nas pessoas de Carlos Hermínio, idealizador do novo Canal da Redenção, Manoel Messias, que trabalhava diuturnamente com os companheiros assentados pela reforma agrária, e Gleideneides Teles, que coordenou comigo e Ana Cristina Prado a carta-consulta ao BNDES denominada "Projeto de Desenvolvimento Integrado São Francisco". Esse projeto está pronto para ser implantado e organiza quatro cadeias produtivas ao longo do São Francisco, do sertão ao litoral: indústria de laticínios, pesca e aquicultura, turismo e rizicultura e outros grãos.
Acredito que esse é o futuro de Sergipe, desenvolvimento e inclusão, participação popular nas decisões e muita cooperação entre o povo e seu governo. Essa sempre foi a maneira de Marcelo Déda cuidar da sua gente, da Coroa do Meio ao Canal da Redenção.

* Maria Lúcia Falcón é secretária de Estado de Desenvolvimento Urbano

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