Vítima de feminicídio é enterrada em Boquim
Publicado em 04 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Foi sepultada na tarde de ontem o corpo de uma mulher vítima de feminicídio protagonizado pelo ex-marido da vítima no município de Boquim. Pela Secretaria de Estado da Saúde, bem como pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, a vítima foi encaminhada no último domingo, 01, para o setor de traumas do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), após ser esfaqueada durante uma festividade no conjunto Noquinha, na própria cidade de Boquim. Um homem de 47 anos – apresentado como principal responsável pelo crime -, foi preso e encaminhado para prestar depoimento na Delegacia Regional. A abordagem, seguida de prisão, aconteceu na segunda-feira no Povoado Piçarreira, em Santa Luzia do Itanhy.
Em boletim médico, a direção do Huse revelou que: “apesar de todas as tentativas da equipe multidisciplinar da Ala Vermelha do hospital para mantê-la estável, a paciente não resistiu e evoluiu a óbito na madrugada desta terça, 03.” Paralelo à ex-companheira, o suspeito também é acusado de ter assassinado o próprio irmão. Ao se deparar com o risco de feminicídio, a fim de proteger a vida da ex-cunhada, o homem tentou barrar a violência do irmão, quando foi golpeado com faca. O trabalho de investigação tem sido conduzido pelo delegado Josenildo Brito; uma terceira pessoa também foi atingida, mas não corre risco de morte.
“Na mesma ocorrência, o irmão do investigado tentou impedi-lo, mas também foi atingido por diversos golpes de faca. O irmão do investigado acabou morrendo. Na fuga, o investigado também feriu outro homem na mão, que precisou levar 23 pontos na mão em atendimento médico. No relato dele, ele alega questões de ciúmes, já que a ex-companheira estaria dançando na festa com outro homem. Ele ficou com ciúmes e desferiu diversos golpes contra a vítima, que estava internada em estado grave, mas morreu no Huse. Ele ainda alegou que não sabia que tinha matado o irmão, apenas se dando conta algum tempo depois”, relatou o delegado.
Pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública foi constatado que no ano passado o Brasil registrou 1.463 casos de ataque fatal sofrido pelas mulheres; este número representa cerca de 1 caso a cada 6 horas. Esse é o maior número registrado desde que a lei contra feminicídio foi criada, em 2015. O suposto autor do crime citado no início desta matéria pode responder judicialmente com base na Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340 -, sancionada em 7 de agosto de 2006. Atualmente a pena é de 12 a 30 anos de prisão. Em tramitação no Congresso Nacional, a punição para quem comete este tipo de crime pode ser ampliado para 20 e 40 anos de prisão.