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Armados e deformados
Publicado em 01 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Os policiais sergipanos matam três vezes mais do que a já escandalosa média nacional
Os desafios da segurança pública em Sergipe são conhecidos de toda a população. Não bastará, portanto, anunciar um novo concurso público, a fim de engrossar as fileiras das tropas da Polícia Militar, como faz agora o governo, para tranquilizar os mais aflitos. É necessário, sobretudo, investir em formação.
O concurso anunciado pelo governo do estado abre 335 vagas na Polícia Militar de Sergipe – 300 para soldado combatente, 30 para oficial combatente e cinco para oficiais médicos. O edital publicado ontem chega em boa hora, claro. Os números da letalidade policial, no entanto, advertem da necessidade de uma formação mais atenciosa ao trato com o cidadão.
Os policiais sergipanos matam três vezes mais do que a já escandalosa média nacional. Estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontou que Sergipe apresenta a maior proporção de mortes provocadas por policiais em relação ao total de óbitos violentos de crianças e adolescentes. Com uma taxa de 36,9%, o estado lidera o ranking de letalidade policial entre jovens de 10 a 19 anos. A média nacional é de 18,2%.
Esta semana, a execução de um jovem negro, um trabalhador com mulher e filho recém-nascido, executado por policiais em serviço ao deixar uma loja de conveniência no bairro Coroa do Meio, chocou a população sergipana pela sua futilidade. Este não é, contudo, um evento raro. Embora os dados nem sempre estejam à mão, a letalidade policial é uma realidade conhecida do populacho em qualquer lugar do Brasil – especialmente entre os pretos e pobres. Para estes, policial fardado e bandido são dois lados da mesma moeda, farinha do mesmo saco.