SSP apura acidente com policiais em campanha

Gabriel Damásio
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O envolvimento de policiais em incidentes ocorridos durante a campanha eleitoral no interior do estado levou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) a baixar, ontem à tarde, uma portaria que restringe a participação de policiais e servidores do órgão em eventos ligados a partidos ou candidatos. A decisão foi tomada após o episódio ocorrido em Capela (Agreste), no último domingo, quando um agente da Polícia Civil e um policial militar reformado atropelaram um animal em uma rodovia estadual de acesso ao município. Os dois chegaram a ser internados em hospitais da capital, mas já foram liberados.

Na ocasião, os policiais, cujos nomes não foram divulgados, dirigiam um VW Voyage descaracterizado que é locado pela SSP e estava à disposição da 2ª Delegacia Metropolitana (Getúlio Vargas). Segundo informações, uma adolescente também estava no veículo, que sofreu perda total e, horas depois do acidente, foi encontrado em um ferro-velho na cidade de Nossa Senhora das Dores, onde seria possivelmente desmanchado. O Voyage da SSP foi levado à Delegacia de Capela, onde ficará apreendido até segunda ordem.

Em meio a este incidente, houve uma seqüência de confusões envolvendo partidários dos dois candidatos a prefeito de Capela: o atual prefeito Manoel Sukita, apoiador da candidata Josefa Paixão (PSB), afirmou que os policiais estavam a serviço do candidato adversário, Ezequiel Leite Neto (PR). Sukita alegou também que fora ameaçado pelos policiais e que a situação só se resolveu quando ele comunicou o fato diretamente ao governador Marcelo Déda.

Na manhã de ontem, a Corregedoria da Polícia Civil abriu um inquérito policial e outro administrativo para apurar o acidente, a tentativa de desmanche do carro e o envolvimento dos policiais com a campanha política. A SSP afirmou que o agente da 2ª DM não tinha autorização para ir à Capela com o carro oficial. "O policial civil foi àquele município sem qualquer autorização da Superintendência da Polícia Civil. Não havia para ser realizada naquele município, nem houve autorização do delegado titular da 2ª DM e muito menos de outros delegados. E ainda estava fora do seu horário de expediente", disse o porta-voz da SSP, Lucas Rosário, afirmando haver "uma série de equívocos cometidos pelo agente".

A corregedora-geral, delegada Teonice Alexandre, destacou que o policial é um cidadão como outro qualquer, podendo ter sua preferência partidária, mas precisa respeitar o serviço público. "A Corregedoria observa se a atuação do policial ultrapassa os limites da Lei. Caso ele realmente se exponha ou pratique algum crime eleitoral será investigado e contra ele será aplicado a lei pertinente. Aliado a isso, será verificado se a conduta dele configura também transgressão disciplinar", disse ela, explicando que o policial pode até ser processado e demitido do cargo, a depender da punição a ser aplicada ao fim dos inquéritos.
Portaria – A portaria baixada ontem pela SSP, após reunião do secretário João Eloy de Menezes com toda a cúpula da polícia, proíbe "o acesso e a presença de integrantes das Instituições Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, portando, exceto quando em serviço, arma de fogo em comícios, passeatas, carreatas e congêneres, durante o período eleitoral". Quem desobedecer à portaria, que está em vigor desde ontem e vale até o fim do calendário eleitoral, deverá responder "às penalidades da legislação pertinente".

O documento destaca que "a vedação tem por finalidade a proteção aos princípios constitucionais da liberdade de expressão, do sufrágio universal e da dignidade da pessoa humana, bem como na manutenção da incolumidade e integridade física dos cidadãos". João Eloy salienta que a decisão é para "salvaguardar os direitos políticos dos eleitores", reforçando que o comportamento dos policiais deve ser exemplar e dentro da legalidade, sem privilegiar qualquer grupo político. (com SSP)