A duvidosa fé dos homens públicos

Os espaços públicos da capital sergipana foram tomados por louvores comerciais e aleluias bancados pelo contribuinte – cristãos, macumbeiros, budistas, ateus convictos e agnósticos reticentes.

Fabio Mitidieri, o governador que ignora solenemente o Festival de Artes de São Cristóvão ao mesmo tempo em que injeta uma verdadeira fortuna na micareta de Fabiano Oliveira, empenha novamente as burras do estado na contratação de celebridades da indústria gospel, sob o pretexto de celebrar um feriado cristão. Refiro-me mais uma vez à Vila da Páscoa Iluminada – uma festa orientada por escancarado proselitismo religioso (ver nesta página).

Neste particular, aliás, Mitidieri reza na mesma cartilha de todos os políticos da terrinha – direitosos, enrustidos ou progressistas. O ex-prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira, por exemplo, torrou muito dinheiro para bancar os cultos espetaculares tão à gosto do eleitorado evangélico. Nem assim, entretanto, fez um sucessor.

Essa não é uma questão de fé, não é uma questão de foro íntimo. Nem credo, nem gosto. Ali, naquele espaço, em evento promovido pelo estado de Sergipe, o dispêndio de recursos realizado por Fabio Mitidieri envergonha o credo no estado laico, este sim um pilar fundamental da República.