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A HORA DE SACRIFICAR O CAVALO


Publicado em 30 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Em xadrez, o cavalo não pode tudo. Na política, também, os conselheiros, por mais exímios, não são capazes de todas as estratégias.

Alexandre Conrado

Como o xadrez, a política pode ser considerado um jogo, não raro mais perigoso que o que se desenvolve no tabuleiro onde a peças, expostas à visibilidade dos adversários, permite a previsão de movimentos e riscos de parte a parte. Bispos cortando o terreno em movimentos diagonais, peões sempre avançando, torres em verticais e horizontais, deixam perplexos exímios jogadores que, vez por outra, por descuido ou pouco estudo, testemunham a derrocada do Rei e, lógico, o fim do jogo.
No xadrez, uma peça se destaca, muito embora seus movimentos em ele, sempre desconcertantes, se assemelhem a investidas de bastidores, como movimentos das “eminências pardas”, cautelosas e quase anônimas, mas de poder inquestionável pelo muito que inspiram os governantes, levando-os a jogadas de grande poder, para desespero das hostes adversárias, quase sempre surpreendidas. Não raro, porém, e isso os grandes enxadristas reconhecem, chega o momento crucial do jogo, quando, às vezes, torna-se necessário sacrificar o cavalo para que não desça sobre o rei o cutelo, veredito do xeque-mate, e se preserve o trono.
No Brasil, a poucos meses da eleição presidencial, chegamos quase ao clímax do jogo, quando Lula, percorrendo as beiradas, ameaça chegar em primeiro lugar já no primeiro turno, isso aparentemente sem grandes estratégias ou jogadas, apenas valendo-se do despreparo do adversário, este obrigado a se movimentar numa estrada econômica esburacada, bombardeado por torpedeiros da imprensa , vulnerável portanto quando, a essa altura, deveria estar totalmente blindado.
Qual, perguntam-se os bolsonaristas, a causa de tamanha vulnerabilidade, “em um governo que socorreu a indigência com auxílios emergenciais vultosos, apoiou o combate a criminalidade, extinguiu, quase, a corrupção?”
Em xadrez, conquanto muito possa, o cavalo não pode tudo. Na política, também, os conselheiros, por mais exímios, não são capazes de todas as estratégias, especialmente quando companheiros de outrora passaram para o campo adversário e enxergam, com fina antecedência, os passos que dará o presidente sob a inspiração do seu conselhier mor.
Isso o que se percebe sobre a influência que do General Heleno sobre o presidente Bolsonaro. Não que lhe falte astúcia, inteligência, tino, perspicácia, mas carece ele, na opinião de muitos, a veia política indispensável para percorrer ruas e vielas da capital do país, por onde não transitam só militares, mas raposas, ratos, morcegos, mariposas noturnas e toda uma caterva de animais da noite, que vivem do cochilo alheio, como o sono letárgico que vem se debruçando sobre o Alvorada, onde, parece, declina o sol do mito.
Hora de sacrificar o cavalo em favor do marketing profissional, asseguram muitos, mas nem de longe ousam soprar a exitosa jogada aos ouvidos de Bolsonaro, menos por receio do presidente que pelo medo que lhes inspira a eminência parda fardada que já conduziu muitos generais e generais ao cadafalso e que conhece, também, de muito perto, as fragilidades do Chefe do Executivo, sabendo como poucos, manejá-lo a seu modo… e interesse.

Alexandre Conrado, advogado, observador político | acccdacccd@hotmail.com

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