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A NOVA NOITE


Publicado em 01 de fevereiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Inocêncio Nóbrega

No Brasil político e social, há acontecimentos do presente que guardam verossimilhanças a ocorrências, não muito distantes, de sua história. Os distúrbios de 8 de janeiro último, com vandalismos a sedes dos Poderes da República, em Brasília, pelas circunstâncias as quais se deram, tiveram precedência, embora menos traumáticas e de cunho mais regionalista, com características golpistas na sua maioria, num território colonial, cuja matriz se encontrava no outro lado do Atlântico.
Polarizada estava a Colônia, entre lusitanistas e independencistas, frequentes os entreveros, em função dos quais os Senados das Câmaras, que detinham força executiva, se tornavam ambientes mais cobiçados de enfrentamentos e radicalizações, de ambos os lados. As caladas das noites são o tempo preferido para ações desse tipo. Mal começava março de 1823 e a população belenense acordava com um movimento diferente nas ruas. Afastava-se a hipótese de atentado terrorista, por parte dos mocambos, nacionais convictos. A Câmara é desfeita e entregue à administração reinol; motins no Distrito de Tijuco, hoje Diamantina, onde militância sectária de Lisboa queima, em praça pública, o “livro verde”, o famoso Regimento de Diamantes, decretado pelo marquês de Pombal; tivemos, ainda, as tropas portuguesas ameaçando arrasar a Vila de Cachoeira, na Bahia, nesse sentido desembarcaram na Ilha de Itaparica, vandalizando o velho forte de S. Lourenço.
O mais emblemático, porém, a invasão, ordenada pelo Imperador, à Cadeia Velha, do Rio de Janeiro, onde estivera Tiradentes. O recinto foi posto à disposição da Assembleia Constituinte. Propostas apresentadas pelos parlamentares não agradavam o monarca, que resolveu dissolvê-la, não adiantando os protestos dos congressistas, os quais se mantiveram em vigília até o amanhecer de 12 de novembro de 1823, praticamente sendo presos todos eles, com os irmãos Andrada seguindo para o exílio. Na despedida, um destes, o combativo Antonio Carlos, que presidia as sessões, num ato de ironia faz reverência ao canhão, estacionado defronte ao prédio, tirando seu chapéu. Esse episódio ficou conhecido por Noite da Agonia.
Agonia, também, de quem tudo vira, do saguão do hotel, no qual se encontrava hospedado, o Ministro da Justiça, Flávio Dino, dali mesmo tomando providências possíveis, a fim de conterem a fúria de insubmissos manifestantes, ousados na destruição do patrimônio público, no afã de estabelecerem um golpe. Numa injustificada encenação do praticado, em diversas fases do Brasil, de antes e pós Independência, revivida pela Democracia e o Estado de Direito, que reconquistamos em 1988. Comentaremos, na primeira oportunidade, o contragolpe de novembro/1955, e o legalismo de Lott.

Inocêncio Nóbrega, jornalista.

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